Mostrando postagens com marcador Histórias do Grêmio. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Histórias do Grêmio. Mostrar todas as postagens

domingo, 10 de novembro de 2013

Carta Aberta - Ref. Renovação Téc. Renato Portaluppi

Com os últimos resultados do Grêmio, no Brasileirão e na Copa do Brasil, com as notícias que dão conta do encaminhamento de renovação entre clube e treinador, enviei a seguinte Carta Aberta à direção do clube e ao Conselho Deliberativo com a exposição de motivos pelo qual não devemos manter Portaluppi para 2014.

Escrevi em alguns minutos, gostaria de ter incrementado, porém devido ao tamanho já grande, deixei por aí.

"Novo Hamburgo, 10 de novembro de 2013.
A/C
Sr. Pres. do Conselho Deliberativo do Grêmio Foot-Ball Porto Alegrense Milton José Munhoz Camargo
Sr. Pres. do Conselho de Administração do Grêmio Foot-Ball Porto Alegrense Fábio André Koff. 
Na condição de sócio do Grêmio Foot-Ball Porto Alegrense, encaminhamos a presente missiva para fazer as necessárias e pertinentes ponderações quanto à renovação com o técnico Renato Portaluppi.
Ao que consta na imprensa, tal renovação está próxima e deve ser acertada nas próximas semanas. Dentre os gremistas sei que os que são contra tal renovação são a minoria, quiçá até a absoluta minoria.
Porém vou expor alguns motivos que sustentam esta ideia.
Por primeiro, gostaria de fazer uma avaliação sobre as escolhas táticas e técnicas do Renato. Quando assumiu o time, teve um começo irregular, errático. Até achar o esquema ideal diante das deficiências de montagem do elenco. Só temos um zagueiro confiável (Rhodolfo) e portanto a necessidade de fortalecer a defesa recaiu sobre nossos volantes. Daí o uso sistemático dos três volantes. E como achou esse sistema? Com as lesões do Zé Roberto, que nunca foi meia de ligação, que abusa dos passes laterais, que é lento e efetivamente produz muito pouco, e do Elano, que da mesma forma nunca foi esse meia de ligação, e que PARECE estar com condição física abaixo da ideal, essa última observação decorrente do fato de que em questão de 30min de jogo ele já não consegue ter o mesmo rendimento física. Renato ACHOU essa formação, que era acima de tudo uma solução de compromisso, pois com 4 estrangeiros acabava ficando alijado nosso único meia de ofício, Maxi Rodriguez.
Renato não ENTENDEU porque o time se tornou mais competitivo, e justamente por este motivo não conseguiu manter o desempenho diante de adversidades. Apostou cegamente no "bumba meu boi", sem um meia e com dois atacantes pesados, Barcos e Kleber.
Na semi-final da Copa do Brasil, não tendo a barreira dos adversários em virtude da suspensão do ataque titular, tendo a oportunidade de jogar com um meia, Maxi, substituiu o Vargas, que na prática vinha fazendo as vezes de meia-atacante, por Werley, mais um zagueiro, deixando os novatos, Mamute e Lucas, absolutamente desamparados. A impressão que tive é que, não confiando nos atacantes, ele optou resguardar-se para segurar um 0x0. No jogo da volta, impelido por um nocivo ativismo panfletário da imprensa e da torcida, que pediu a escalação do Zé Roberto, escalou o atleta contra as suas "convicções" para afagar o ego da imprensa e da torcida e como forma de auto-preservação, colocando seu cargo e sua imagem acima dos interesses do clube.

Mais atrás, em 2011, na final do Camp. Gaúcho, tendo vencido fora de casa o Internacional por 2x3, no jogo de volta, vitimado pela própria miopia, sofremos nada menos do que TRÊS gols de contra-ataque, inclusive um deles marcado por um jogador manco, TENDO a vantagem do "regulamento". Na Libertadores de 2011, empatando um jogo em casa, 1x1, no jogo de ida das Oitavas-de-Final, com um jogador à menos, novamente tomamos um gol de contra-ataque que praticamente sepultou as chances no jogo fora de casa, jogo da volta. De um modo geral, a atuação do Renato em 2011 foi bastante fraca, frágil.
Vale lembrar também o imobilismo, em vários jogos, do treinador quanto à substituições que possam mudar a cara do jogo. Hoje, promoveu alterações somente após os 35min do 2º tempo. Antes que os jogadores pudessem entrar em campo o Grêmio sofreu o segundo gol e limitou drásticamente as possibilidades de reação.

Restam evidenciadas as limitações do Renato enquanto técnico/estrategista.

Por segundo, quero tecer comentários quanto ao caráter megalômano da personalidade do Renato. Ele tem se destacado por declarações polêmicas, quase sempre após situações em que, por erro dele mesmo, o clube teve algum insucesso.
- O famoso episódio da "calça de 400 reais";
- "Comigo ele rende", justificando a contratação do ex-jogador Carlos Alberto;
- "Tem que dar carinho", para os jogadores preguiçosos e desmotivados, caso do Gabriel, lateral que felizmente enviamos para o rival;
- "Não vou perdoar", cobrança pública sobre o imbróglio da contratação do Vinícius Pacheco, jogador de passagem apagada no clube;
- Torneio de Futevôlei em meio à Libertadores;
- Recusa de ir treinar o time no interior;
- "Diziam que o time brigava contra o rebaixamento quando assumi", coisa que nunca foi falado pela imprensa/torcida, e serve para supervalorizar os resultados;
- "Agora tem algum valor", sobre a camisa do Grêmio que recebeu seu autógrafo;
- O episódio do trote;
- "Tenho mais títulos que ele tem de idade";
- "Fui melhor que Cristiano Ronaldo";
- "O Fluminense vai brincar no Brasileirão", quase foi rebaixado;
- "Só não assinei o contrato ainda porque não quis", declaração sobre a renovação dada na coletiva de imprensa hoje, dia 10 de novembro.

Mais uma vez resta evidenciado o pensamento megalômano do Renato, que se acha maior que o clube.
Quero ainda fazer uma ponderação quanto à aposta em treinadores sem tanta vitrine. O Grêmio tem uma experiência própria com o Espinosa, o Felipão, o Tite e o Mano. Mas chamo a atenção para o caso do Cruzeiro, virtual campeão Brasileiro de 2013. Contratou um treinador sem vitrine, sem grife, e montou um time com muitos jogadores sem expressão e alguns jogadores mais caros e experimentados, de forma cirúrgica e pontual. O Grêmio não ganha nenhum título de expressão há 12 anos. Porém parece que, entra ano sai ano, temos medo de arriscar com um treinador sem expressão, com jogadores sem expressão. Não há mais o que temer.
Gostaria de colocar mais ideias, porém esta carta já ficou bastante extensa. Espero ter contribuído com um contra-ponto à ideia dominante de renovação e manifesto publicamente aos srs. meu pedido de que não seja renovado o contrato de técnico com o Renato Portaluppi.
Atenciosamente,
André Roberto Finken Heinle
Sócio Matrícula 141.645"


Gostou? Compartilhe. Discordou? Comente.

domingo, 22 de setembro de 2013

Grêmio, por eternos 100 anos, Campeão Farroupilha

Toda boa história ou estória tem um pouco de lenda, algum herói, uma façanha... Com esta não é diferente.

Nos idos dos anos 30 haviam dois torneios de importância no futebol gaúcho: o Campeonato Gaúcho e o Citadino de Porto Alegre, conhecido como Metropolitano. Em 1935, preparava-se o Rio Grande do Sul para comemorar o centenário da Revolução Farroupilha, e em homenagem, ambos os torneios ostentaram o título de Campeonato Farroupilha.

Para ambos, o franco favorito era o Internacional, incumbente dos dois títulos. Ainda mais que o Grêmio havia perdido seu maior craque, Luiz Carvalho, para o Vasco da Gama, do Rio de Janeiro. Ainda, o Grêmio perdia o bastião de sua defesa, o goleiro Lara, recomendado de jogar pelos médicos que diagnosticaram problemas cardíacos. Isso após um choque num jogo contra o Santos.

Lara não quis nem saber, e jogou o primeiro Gre-Nal do torneio, à 28 de Julho. Consta que tenha sido um dos destaques, mas o grande nome do jogo foi Castilho, ponteiro-esquerdo que empatou a partida no que ficou chamado de Gol do Avião. Reza a lenda que, quando o jogo estava 1x0 para o Inter, e Castilho dominava a bola na frente da Grande Área adversária, um avião deu as caras fazendo manobras e piruetas sobre o campo dos Eucaliptos. O goleiro Penha e os zagueiros Natal e Risada teriam se distraído assistindo ao movimentos do avião e permitido o gol do Grêmio. Outra lenda ainda diz que, após a partida, Castilho teria sido raptado e mantido em cativeiro no Belém Novo. Fato ou Lenda, Castilho reapareceu somente em 1936, jogando pelo Internacional.

O Internacional, além de todo o favoritismo, ficou um ponto à frente do Grêmio antes do derradeiro jogo, um Gre-Nal, chamado de "Farroupilha", que seria disputado em 22 de Setembro. Isso porque o Grêmio perdeu para o Força e Luz por 2x0. Isso daria ao Inter a vantagem do empate para sagrar-se campeão.

Ainda, a doença de Lara se agravara e este fora terminantemente proibido de jogar. A confiança era tanta que um torcedor colorado caçou 11 cachorros pelas ruas de Porto Alegre, pintou-os de vermelho, e guardou-os em sua camionete, momentos antes do jogo na Baixada, para lançá-los à campo após a vitória como um chiste, uma provocação.

Lara comunicou, antes do jogo, que iria à campo. Consta que a maior parte da torcida era vermelha, mas quando Lara entrou em campo, junto com os colegas, a torcida tricolor foi ao delírio. O ídolo não decepcionou. Com o Inter dominando as ações durante todo o primeiro tempo, Lara fez boas defesas e juntamente com Dario e Luiz Luz trabalhou bastante para manter a meta gremista invicta.

Os times foram para o intervalo em 0x0, e a comemoração era, até ali, colorada, que explodiu a saber que Lara não voltaria para o segundo tempo, em virtude do agravamento das dores no peito, e seria substituído por Chico. Segundo a lenda urbana, Lara teria morrido dentro de campo, ao defender um pênalti cobrado pelo próprio irmão. Não houve pênalti, seu irmão não jogava no Internacional e Lara morreria cerca de um mês e meio depois, em 6 de Novembro.

Novamente, inflamado pela ausência do grande ídolo gremista dos últimos anos, o Inter dominava as ações e dava muito trabalho à defesa do Grêmio. Mas o empate não interessava ao Grêmio e os atacantes não achavam caminhos ou brechas até o gol colorado. Esse cenário permanecia até os 37 minutos do 2º Tempo. À época o jogo tinha dois tempos de 40 minutos. Nesse momento o tal torcedor colorado, já comemorando, foi pegar os cachorros que levara ao campo.

O Grêmio tinha falta na intermediária. O meia Mascarenhas estava posicionado para cobrar. Consta que Osvaldo Rolla, o também lendário Foguinho, teria dito ao colega: "Levanta a bola no meio da área que o Risada vai tirar e eu vou pegar o rebote". Dito e feito: Mascarenhas alçou, Risada afastou e Foguinho, de sem-pulo, abriria o placar. Gol do Grêmio.

Osvaldo Rolla, o Foguinho.

Festa da torcida gremista, e os jogadores colorados pareciam atordoados. Levavam a bola para o círculo central, para fazer o gol que lhes valeria o título. Logo na saída de bola, o insistente Foguinho roubou a posse de bola e lançou-se ao ataque. Com objetividade, correu rumo ao gol, e na saída do goleiro Penha, escorou para o colega Laci fechar o placar. 2x0 e o título. Lara, reunindo suas forças, conseguiu comemorar junto dos colegas e da torcida.

Lacy.

Uma das histórias conta que o colorado dos cachorros soltara os mesmos, que o atacaram após dois foguetórios gremistas, levando o mesmo à ser internado no hospital por conta dos ferimentos.

A Baixada foi pequena para tanta festa. O técnico e capitão Sardinha I, emocionado, sugeriu que o título fosse comemorado, por cem anos, com um jantar do clube no dia 22 de Setembro de cada ano. Nomeado Jantar Farroupilha, desde então o Grêmio cumpre rigorosamente o desejo daqueles grandes guerreiros.

Time campeão: Lara (Chico); Dário e Luiz Luz; Jorge, Mascaranhas e Sardinha II; Laci,Artigas, Russinho, Foguinho e Divino.

Quando da morte de Lara, a comoção tomou conta não só de gremistas como também dos colorados e dos torcedores de outros grandes clubes de Porto Alegre. A cidade parou para ver seu enterro. Sem sua presença, o Grêmio perdeu as finais do Campeonato Gaúcho de 1935, contra o Grêmio Atlético do 9º Regimento de Infantaria, de Pelotas. Após vitória por 3x1 e derrota por 3x0, o Grêmio perdeu jogo extra por 2x1.

Eurico Lara.

Em 1941, Getúlio Vargas decretou que unidades militares não poderiam ceder seus nomes à entidades esportivas. Por conta disso, o Grêmio Atlético do 9º Regimento de Infantaria ganhava, em homenagem ao seu único título gaúcho, o nome de Grêmio Atlético Farroupilha.

Grêmio Atlético Farroupilha, antigo 9º Regimento de Infantaria.
Fontes: Grêmio Hoje e Grêmio 1903.

Gostou? Compartilhe. Discordou? Comente.

quarta-feira, 4 de setembro de 2013

Escudos Minimalistas de Futebol.

Em outro post, que pode ser lido aqui, estavam pôsters com a História Minimalista das Copas do Mundo.

Agora, outro site postou os escudos de clubes ao redor do mundo, desenhados de forma minimalista!

Veja alguns abaixo.

Liverpool FC:



FC Internazionale:





FC Barcelona:


FC Bayern München:




Paris Saint-German FC:





Boca Juniors:



Celtic FC:


FC Porto:




SE Palmeiras




E adivinhem qual o único time gaúcho representado na lista?! Ahh pois é...

Grêmio Foot-Ball Porto Alegrense:





Quer ver mais? Acesse o site do Behance.net clicando aqui.



Gostou? Compartilhe. Discordou? Comente.

segunda-feira, 3 de junho de 2013

A História do Escudo e Bandeira Gremista


Foi neste dia, 3 de Junho, há 50 anos, que o clube modernizava seus símbolos, Escudo e Bandeira, para o que conhecemos hoje, conforme decisão do Conselho Deliberativo.

O primeiro Escudo do clube era um globo estilizado, que colocava em evidência a palavra "Foot-Ball". Ele é particularmente muito usado para modelos Retrô da camiseta co clube, como este.

Escudo usado entre 1903 e 1963.
Em 1963, o clube modernizou seu Escudo, mantendo a idéia de um globo estilizado, porém dando destaque à palavra "Grêmio", colocando acima o ano de fundação, 1903, e abaixo o FBPA, iniciais do restante do nome do clube, "Grêmio Foot-Ball Porto Alegrense".

Escudo usado desde 1985.
O Escudo aprovado em 1963 era em essência igual ao representado acima, porém sem as estrelas. As mesmas foram incluídas, por decisão do Conselho Deliberativo do clube, representando a Dourada o Título Mundial, além de homenagem ao atleta Everaldo (imortalizado também na Bandeira do Clube), a de Prata os títulos Continentais, e a de Bronze, os títulos Nacionais e Regionais, em 23 de Abril de 1985.

Um uso alternativo do Escudo foi o "Escudo Mapa Mundi", representando a conquista do Mundo pelo clube.

Já as bandeiras do clube passaram por maior número de transformações. Conforme informações retiradas do Blog Grêmio 1983, a primeira bandeira do clube continha o então escudo do clube, no canto superior esquerdo sobre fundo listrado em negro, azul e branco, horizontalmente disposto.

Bandeira usada entre 1904 e 1918
Em 1918, a bandeira foi alterada para um formato basicamente igual ao da bandeira nacional.

Bandeira usada entre 1918 e 1944
Em 1944, uma Lei Federal proibiu o uso de desenhos semelhantes à bandeira nacional. Desta forma, mais um desenho foi adotado, mais ou menos semelhante ao da bandeira do Reino Unido.

Bandeira usada entre 1944 e 1963
Em 1963, juntamente com a modernização do Escudo, a bandeira é atualizada. O Escudo, antes localizado mais à esquerda (de onde saiam as listras raiadas, que a tornavam parecida com a bandeira britânica), era dentralizado, e as listras que partiam do logo tornaram-se mais parecidas ainda com a bandeira do Reino Unido: listras brancas com uma listra negra ao centro.

Bandeira utilizada à partir de 1970
Desta forma, a bandeira assumiu o desenho acima, com exceção da Estrela Dourada, que representa uma homenagem do clube ao atleta Everaldo Marques da Silva, campeão do Mundo com a Seleção Brasileira, ainda naquele ano. Esta homenagem foi a única modificação da bandeira desde 1963.

Espero que tenham gostado do post, apesar do tamanho.

Gostou? Compartilhe. Discordou? Comente.

quarta-feira, 19 de setembro de 2012

O Derradeiro Aniversário!

"Todos os caminhos levam ao Olímpico Monumental"

É difícil pensar em algo para escrever. Saber por onde começar. A casa que nos abrigou, e que abrigou muitos dos nossos anseios, medos, nosso otimismo e pessimismo, está com seus dias contatos.

Quando as primeiras tratativas da Arena se aventaram, no longínquo 2006, o futuro ainda parecia distante, incerto, nebuloso... Mas o que estava lá, adiante, agora está ali, na nossa esquina, aguardando apenas alguns poucos passos para o inevitável. O Olímpico será demolido, e talvez uma parte do coração de cada gremista seja levada junto, entre a poeira e os escombros. "Do pó viestes, ao pó voltarás", nada pode ser tão verdadeiro. Construído em meio à uma mobilização fenomenal da torcida pelos quatro cantos do Rio Grande, será este o inevitável e inapelável fim do Olímpico.

Quando penso no Olímpico, são dezenas, centenas de memórias que vêm à mente, e o mesmo sentimento eu tenho por certo que habita o íntimo dos corações de todos que escolheram o Grêmio, ou que por ele foram escolhidos... E é exatamente disto que é feito o Estádio Olímpico Monumental. Esqueçam o concreto, os tijolos, a brita, o cimento. O Olímpico é construído de histórias, e histórias são sempre construídas de gente, de pessoas, de sentimento... Quantas foram as histórias vividas dentro, e por vezes fora, daquelas quatro linhas desenhadas com a cal? E não só bonitas, mas as feias também, porque nem só de sucessos é erigida uma grande história. O fracasso é por vezes a cola que unta um momento de glória ao próximo.

E as histórias que ouvimos e passamos às futuras gerações não se encerrarão embaixo daqueles escombros. O Olímpico deixa de ser um Estádio para passar à condição de História. E elas são feitas de gente. A primeira daquelas histórias épicas escutei antes mesmo de sentar a bunda a primeira vez no concreto do Olímpico. Meu pai, um gremista de quatro costados, assim como meus tios Milton e Guido, sempre contavam. O apito final de um fatídico Gre-Nal no lingínquo 1977, ano em que o Grêmio amargava oito anos na fila do Gauchão. Mas não desta vez. Pelos pés de Catimba, o André, estava dado o sinal. Os três invadiriam o gramado, inadvertidamente, junto com uma multidão que parecia saber que os anos vindouros reservavam grandes realizações. Um tufo de grama, à guisa de troféu, foi plantado no quintal de outro "velho casarão".

Nem só de Grêmio se alimentam as histórias deste estádio. Outra recordação forte foi um jogo da Seleção, válido pelas eliminatórias da Copa de 2002. Uma seleção cambaleante, comandada pelo recém contratado técnico Felipão, mais conhecido como DEUS, escolhera nada mais do que estrategicamente os pampas gaúchos para amealhar algum apoio vindo das arquibancadas. Convocados Tinga e Eduardo Costa, do Grêmio, com o mesmo propósito. O apoio veio e a vitória contra a Seleção Paraguaia pavimentou o caminho até a Copa do Mundo, na Ásia, onde por duas vezes Luiz Felipe esteve às portas da glória, com Grêmio e Palmeiras.

Outro jogo eu não me recordo com exatidão. Mas foi contra o Atlético/MG, no início da Era ISL. Fomos de Camarote, eu, Thiago e o Rugardo, não sem antes encher o pandulho na Churrascaria Mosqueteiro. Eu não lembro sequer do placar do jogo, mas à julgar pela história, não deve ter sido alvissareiro, época de Amatos e Astradas, muita grife e pouco resultado.

Em 2005, devo ter ido à quase todos os jogos. Num deles, Grêmio e Avaí, como gatos, como ninjas, nos esgueiramos para dentro da Sala de Entrevistas, e continuamos, rumo ao gramado. A oportunidade de ver tudo dali de dentro é única. As arquibancadas vazias, mas a energia estava ali. Com meu cunhado e outros, tiramos fotos na casamata, rolei no gramado. Arrepiante. Na volta, tivemos de passar por dentro do vestiário, sob o olhar ameaçador dos seguranças. Sim, srtas., tudo à mostra, hehe. Novamente nos esgueiramos para fora, onde ainda alguns jogadores davam entrevistas.

No ano seguinte, após uma campanha vacilante, o time toma corpo, recuperado junto com a torcida. Num dos jogos, já no returno, Grêmio e São Paulo, nada menos que o líder e futuro campeão. Jogamos como nunca, e empatamos. Mas um empate do qual pudemos degustar. Com menos de 1 minuto de jogo, Danilo estufava as redes, diante de milhares de gremistas incrédulos, e anestesiados. Por quase um minuto, o silêncio parecia inquebrantável. Mas como que por um chamado do inconsciente coletivo, toda a torcida começa à gritar... "Grêmio, Grêmio", em uníssono, empurrando o time à frente. A virada parecia questão de tempo, mas o empate com Hugo em lançamento de Tcheco parecia um resultado digno.

Mais adiante, em 2007, dois jogos absolutamente inesquecíveis. Com a mesma receita que o levara às grandes glórias, contando com nomes como Patrício e William, o Grêmio eliminava o São Paulo da Libertadores, em casa, com um sonoro 2x0, e nas Semi-Finais, na primeira partida, sem que sequer um chute do adversário ameaçasse a meta de Saja, dava um salto gigante para chegar às finais do certame. Dois jogos inesquecíveis pelo brilhantismo e valentia com que se portou a equipe.



Em 2008, ano memorável, foi também a primeira e única vez que fui na Geral. Grêmio 2x1 Coritiba, com a companhia da gremista de primeira hora, Luíza.


Rememoro também o fatídico 12 de Novembro de 1998. Ora classificado, ora desclassificado, o jogo contra a Portuguesa foi sem dúvida um dos mais tensos do torneio. Tendo que torcer por vários resultados paralelos, a vitória por 4x2 levaria ao confronto contra o Corinthians, que nos eliminaria, não sem muita luta. Eram os tempos do Juarez bigodudo. Saudosos tempos.

São tantos momentos que já nem me recordo. Mas como disse, é disso que são construídas as histórias. Daquelas trajetórias particulares que se travam no gramado, opondo duas equipes, e das que se prostam, impotente, do lado de fora. Mas a história não vai parar. E para o Olímpico, chegou o suspiro final. Quando o apito final pôr fim ao Gre-Nal de nº 394, estará findada a história que começara 58 anos e alguns meses antes. O primeiro gol foi de Vitor, pelo Grêmio, e último, de quem será? Muito mais importante do que o Jogo de Inauguração da Arena, será o último jogo do Olímpico, e nada poderá ser mais emblemático do que encerrar a história por meio de um Gre-Nal. Que os Deuses do Futebol permitam que a vitória sele o destino.

Mas porque mais importante? Porque quando o derradeiro momento do Olímpico tiver lugar, aí então estaremos escrevendo uma nova história, a história da Arena, da qual faremos parte como os que fizeram parte dos primeiros anos do clube no Largo dos Campeões, nº 1. E quem sabe quais as histórias que algum abnegado gremista poderá escrever quando o inevitável vier para a Arena, daqui outros 60 anos, ou mais?

"E na hora derradeira que eu mereça
Ver o sol alegretense entardecer
Como os potros vou virar minha cabeça
Para os pagos no momento de morrer."
Em 2 de Dezembro, quando terei festejado meus 26 anos, nenhum caminho mais levará ao Olímpico. Monumental mesmo só nossa saudade do Velho Casarão.

Gostou? Compartilhe. Discordou? Comente.

sexta-feira, 7 de setembro de 2012

Taça Ipiranga: O 1º Gre-Nal fora de Porto Alegre

Em 7 de Setembro de 1962, Grêmio e Inter disputaram o primeiro Gre-Nal fora de Porto Alegre. Valando a Taça Ipiranga, referência aos 140 anos da independência, o Grêmio venceu com gols de Élton e Marino, por 2x1.



A partida teve local no Estádio Aldo Dapuzzo - à época ainda chamado "Estádio Waldemar Fetter" -, do Sport Club São Paulo, de Rio Grande. Grandes figuras dos dois times participaram, como Gainete e Sapiranga, pelo Inter, e Airton Pavilhão e Gessy, pelo Grêmio.

O Inter abriu o placar com Flávio Minuano, logo aos 5 minutos. O Grêmio empataria com o cauteloso volante Élton, aos 13 minutos, e viraria com Marino, aos 49 minutos do primeiro tempo.

Eram tempos de um grande esquadrão gremista. Veja a ficha técnica.

Grêmio: Henrique; Valério, Airton Pavilhão, Altemir e Ortunho; Elton e Milton (Fernando); Adroaldo, Gessy, Marino e Volnei II.
Internacional
: Gainete; Zangão, Ari Ercílio, Cláudio Danni e Ezequiel; Osvaldinho e Gilberto (Sérgio Lopes); Sapiranga (Bedeuzinho), Alfeu, Flávio Minuano e Gilberto Andrade.

Marino da Silva, autor do Gol da vitória.


Gostou? Compartilhe. Discordou? Comente.

segunda-feira, 25 de junho de 2012

Estrela Dourada, Olho Roxo

A história todos vocês conhecem.

Everaldo Marques da Silva, lateral-esquerdo campeão do Mundo com a Seleção Brasileira em 1970, foi homenageado com uma estrela dourada no Pavilhão Tricolor.

Era um atleta simples, de bom porte físico e boa aplicação tática. Sempre firme, porém disciplinado. Em virtude disto, em 1972, foi agraciado com o Prêmio Belfort Duarte, láurea destinada à atletas dos mais disciplinados.

Em Outubro daquele ano, porém, aos 18 dias, Grêmio e Cruzeiro enfrentariam-se pelo Brasileirão. Após marcar pênalti inexistente de Beto em Palhinha. Corriam 32 minutos de pertida. Ao apontar a marca de cal, correndo em direção à área, encontrou o punho cerrado de Everaldo. Foi nocauteado.

Everaldo nem quis conversa, sequer esperou o juiz apitar a expulsão, e foi saindo de campo, como quem com a alma lavada.  Contra o que julgava um "roubo", esperou metódicamente ser laureado para desferir violento golpe contra a abritragem do sr. José Favilli Neto.

“Sei que cometi falta grave. Mas não agüentava tantos jogos, tantas viagens sempre longe da família, tanta injustiça dos juízes” Everaldo Marques da Silva

O vídeo abaixo foi achado de João Renato Alves, do blog "Van do Halen". Um precioso VT que mostra o fatídico lance.


Gostou? Compartilhe. Discordou? Comente.

domingo, 17 de junho de 2012

Identidade, História e Tradição JOGADOS NO LIXO!!!

O Grêmio não vence nada há exatos 11 anos. Há exatos 11 anos, vencia o Corinthians em São Paulo, após um resultado de 2x2 que todos sacramentaram como insustentável em terras paulistanas...

O problema do Grêmio é Odone, segundo alguns. Como era Duda Kroeff, e Odone de novo, e Obino, e Guerreiro, e Cacalo. Salva-se a única unanimidade: Fábio André Koff, que cunhou a famosa frase, "o Grêmio não é um time de futebol, o Grêmio é uma idéia".

Para outros, o problema é a falta de alento, é Marco Antônio, é André Lima, é Pará, é Werley, é Victor, é Luxemburgo, é Pelaipe... Já foi Caio Jr., Roth, Vagner Mancini, Edinho, Helio dos Anjos, Lazaroni, Plein... Já foram André Krieger, Meira, Saul Berdichevski, Antônio Vicente Martins, Renato Moreira...

O problema é maior, claro que é muito maior... Contratar jogadores desse naipe é conseqüência de um cube que se desligou de sua história, que, perdoe o termo, caga e mija em cima de sua história. Um clube que contrata um técnico que não têm qualquer identificação com o clube e sua história, que sempre que pôde tentou desmerecer e denegrir o Grêmio (e gabava-se de criticar o "estilo Grêmio" de jogar futebol, objetivo, aguerrido, mecânico, por vezes violento), é um clube que divorciou-se de sua história, VENDEU-SE à sua antítese.

Luxemburgo é a antítese do Grêmio, Grêmio enquanto idéia, filosofia. Ao divorciar-se de sua história, independente dos resultados de campo, fomos derrotados, IDEOLOGICAMENTE derrotados pelos que nos opunham. Sim, houve quem nos opusesse, filosófica e ideológicamente, pois se éramos os representantes do "futebol feio", nossa antítese eram os representantes do "futebol arte". Estes últimos nos derrotaram fragorosamente, sem que um único "tiro" fosse disparado...

Perdemos a pior das batalhas, a batalha de idéias, e essa é, para mim, a batalha mais dura e triste de ser perdida...

Ao se desligar de sua história, torna-se incapaz de aprender com ela. E incapaz de aprender com sua história, encontraremos novamente a nossa sina.

Gostou? Compartilhe. Discordou? Comente.

domingo, 3 de junho de 2012

Primeiro Gre-Nal Internacional

Aos amigos leitores, em especial os colorados, perdoem o segundo post seguido da sessão "Histórias do Grêmio". Ocorre que a data de 02 de Junho é especial. Claro que a Imprensa deu muito destaque ao Gre-Nal de Rivera, como o primeiro Clássico disputado fora do Rio Grande do Sul (e do Brasil). Posteriormente, a FGF aventou a possibilidade de a Dupla disputar um clássico em Boston. Mas muito antes disso, houve um Gre-Nal igualmente histórico, em terras gaúchas, mas valendo o primeiro confonto por um Torneio Internacional.

Grêmio vence por 2x1 o Gre-Nal de Rivera.

Em 1968, as maiores confederações do futebol sul-americano, a então CBD, a AFA e a AUF, associadas à FGF gaúcha, planejaram um torneio amistoso, aos moldes da Copa Aldao, que reunia equipes do Uruguay e Argentina, e que seria o embrião da Copa Libertadores da América. Denominada Copa Rio de La Plata, ela reuniria equipes do Rio Grande do Sul, Uruguay e Argentina., à saber: Grêmio, Internacional, Nacional, Peñarol, Independiente e Estudiantes, equipes que emparelhavam em suas Salas de Troféus já na época grandes conquistas. O Estudiantes havia sido Campeão da Libertadores daquele ano, e já havia sido campeão nacional, assim como o Independiente, que já era àquela altura Bi-Campeão Continental. Nacional e Peñarol já há muito duelavam pela hegemonia nacional, mas naquela oportunidade só o time aurinegro já havia erguido a famigerada taça continental. Todos os quatro times de fora do Brasil já haviam vencido a Copa Aldao.

Era, portanto, um torneio interessante para Grêmio e Inter, numa época em que o futebol gaúcho ainda não possuía envergadura para disputar com o Eixo Rio-SP, e como experiência nos solos da América do Sul... Infelizmente, os clubes argentinos acabaram desistindo da competição por problemas de data (vejam só vocês, qualquer semelhança com a atualidade não é mera coincidência). Mas a Competição estava marcada e sairia, de qualquer modo.

A estréia da Dupla seria no Olímpico. Com gols de Joãozinho, Volmir e Alcindo, duas vezes, o Grêmio venceria pelo placar de 4x0, iniciando a trajetória para o título, e comprovando mais uma vez sua trajetória de vanguarda.

Time Heptacampeão Gaúcho foi a Base que disputou o Torneio

O time base seria aquele campeão pela sétima vez seguida do Estadual, contando, dentre outros, com os selecionáveis Everaldo e Alberto (este excluido obscuramente da Seleção às portas da Copa de 70), além de Joãozinho, sobre o qual os antigos contam maravilhas, como jogador habilidoso e cerebral. O técnico era Sérgio Moacir, grande figura do clube.

O Grêmio ainda venceria o Peñarol, pelo placar mínimo, dentro do Centenário, em Montevideo, e voltaria à jogar em casa, contra o Nacional, no dia 16 de Junho daquele ano, vencendo por 2x1, gols de Altemir e Beto, descontando para o Nacional o meia Techera. Desta forma, estaca conquistada a Copa Rio de La Plata.

Taça da Copa Rio de La Plata.

Espero que tenham gostado do post, apesar do tamanho.

Gostou? Compartilhe. Discordou? Comente.

sexta-feira, 1 de junho de 2012

Ahh, Eu Sou Gaúcho.

Não era o Felipão, sentado ali, na casa-mata. Mas sim um franzino velhinho, quase careca e grisalho, mas de vistoso passado. E claro, algumas figuras do passado já não habitavam o tapete verde entre as quatro linhas, como Aílton, Adílson Baptista e Jardel. Mas era definitivamente o Grêmio, com seu inconfundível uniforme tricolor, em negro, azul e branco.
"Para ganhar do Grêmio, um time precisa ser mais técnico e mais competitivo. Se não for as duas coisas, no máximo empata. Ganhar, não ganha."
Fernando Calazans, do jornal O Globo
O Flamengo havia empatado, em Porto Alegre, e para muitos a brilhante fase que se iniciara ainda em 1993, com a contratação de Luiz Felipe Scolari - e a montagem de um time competitivo como poucas vezes se viu - estava encerrada. Como o confronto decisivo seria no Maracanã, a crença geral era de que o Grêmio precisava fazer resultado na primeira partida para ambicionar o título. Ainda jogaria desfalcado de um de seus maiores expoentes, Dinho, expulso no jogo de ida. Convém lembrar que o Flamengo jamais havia perdido um título dentro do Maracanã para uma equipe de fora do Rio. O otimismo pulsava nas veias flamenguistas.


Eram os tempos do "Ahh, eu tô maluco", grito que tomou conta das torcidas do Nordeste e Sudeste do país. Aqui, na ponta do mapa, ainda era época de bairrismo. E assim gritava a torcida rubro-negra, "ahh, eu tô maluco". A festa estava montada, com quase cem mil torcedores de vermelho e preto no Estádio Jornalista Mário Filho. Na pequena torcida tricolor que se fez presente, o atual "dale" ainda era o "dá-lhe" ou o "não te mixa", muito mais Gaúcho do que Castelhano, vale dizer...

O jogo, claro, iniciou tenso, mas logo aos 6 minutos o Grêmio mostras suas armas. João Antônio recebe passe de Carlos Miguel, dentro da área, dribla o zagueiro e bate no canto. Grêmio 0x1. O Flamengo precisava sair para o jogo, pois o empate não mais servia, era preciso virar a partida, e os contra-ataques levavam o pavor para as hostes urubus. Em três lances, com Paulo Nunes, Arce e Carlos Miguel, a bola rondou a goleira rubro-negra. O primeiro chute flamenguista somente ocorreu aos 25 minutos, com um então menino Athirson. Sávio, a grande contratação do Flamengo para o ano, sai lesionado, para a entrada de Lúcio, que empataria aos 30 minutos, recebendo livre, e batendo depois de dominar. O Flamengo se inflamava, e aquele jogo morno que parecia levar, inexorávelmente, à derrota no torneio, ficava para trás. A virada parecia questão de tempo, e chegou com o baixinho, de cabeça. Antecipou-se à Luciano, que substituíra Rivarola, e na segunda tentativa, empurrou para o gol livre.

Mais do que nunca, o canto de "Ahh, eu tô maluco" tomava conta do estádio. Precisando do resultado, mas enfrentando um adversário qualificado, empurrado por uma centena de milhar de seus torcedores, o Grêmio retornaria do intervalo disposto à ser ainda mais valente, e de fato precisaria sê-lo para sonhar com o Tri-Campeonato da Copa do Brasil. Logo aos 3 minutos, a bola enflexada pela cabeça de Luciano encontraria a trave em seu caminho.Apenas alguns instantes depois, Romário quase faz o terceiro, após cruzamento de Athirson.

O jogo fica truncado, e cada minuto parecia jogar contra os tricolores. Até que aos 34 minutos da segunda etapa Roger busca uma bola esticada na esquerda. O cruzamento ainda desvia na defesa, encontrando os pés de Carlos Miguel, e depois... a rede. Os gritos de "Ahh, eu tô maluco", e até mesmo de "Dá-lhe Grêmio" e de "Não Te Mixa, Grêmio", foram largamente abafados por uma gloriosa paródia... "Ahh, Eu Sou Gaúcho" toma conta do estádio...


Os minutos finais da partida agora pareciam ser todos gremistas, e estavam determinados à dar razão às palavras de Calazans. Pouca coisa de valor aconteceu naqueles derradeiros momentos, e o time tricolor mostrou valor naquilo que sabia fazer com maestria. Jogar com o Regulamento debaixo dos braços.


O velhinho na Casa-Mata não era mais Felipão, e isso representaria sem dúvida o Canto do Cisne daquele Grêmio. Mas mais uma vez heróico, o Grêmio quebrava outro tabu. Pela primeira vez em quase cinqüenta anos o Flamengo perdia um título dentro do Maracanã para um time de fora do Rio.

Reportagem do Jornal Nacional


Jogo Completo.

Taí o velhinho da Casa-Mata...


Gostou? Compartilhe. Discordou? Comente.

terça-feira, 8 de maio de 2012

Grêmio, Tetracampeão Gaúcho de 1958.

A data de 8 de maio reservou ao Grêmio uma conquista distinta. Nesta data, o Grêmio sagraria-se Tetra-Campeão Gaúcho, com 100% de aproveitamento, e de forma antecipada ao derrotar a equipe do Santa Cruz, fora de casa, pelo placar mínimo.

A curiosidade fica por conta do calendário. Sim, porque o 8 de maio em questão teve lugar em 1960. Sim, não enlouqueci. Não que não fosse comum, as finais do Gauchão de 1958 foram jogadas em março de 1959. Mas nesse caso, o torneio iniciou-se em abril e terminou em maio do ano seguinte.

Para chegar ao título com máximo aproveitamento, o Grêmio enfrentou a seguinte campanha:

10/04/1960 Cruzeiro 0x3 Grêmio
14/04/1960 Grêmio 2x1 Santa Cruz
24/04/1960 Grêmio 3x2 Farroupilha
01/04/1960 Grêmio 4x0 Cruzeiro
08/04/1960 Santa Cruz 0x1 Grêmio
15/04/1960 Farroupilha 2x3 Grêmio

Vale lembrar que na época, a vitória valia 2 pontos, e que o estadual era regionalizado, portanto as equipes participantes foram o Grêmio Atlético Farroupilha (ex Grêmio Atlético 9º Regimento, campeão Gaúcho em 1935), de Pelotas, o Futebol Clube Santa Cruz, de Santa Cruz do Sul, e o Esporte Clube Cruzeiro, de São Gabriel, hoje extinto.

Eis a equipe que ergueu a taça.


Ainda neste dia, outros dois acontecimentos curiosos ocorreram. Em 1996, o Grêmio eliminava o Botafogo de Túlio Maravilha, Campeão Brasileiro de 1995, vencendo em casa por 2x0, gols de Luciano e Carlos Miguel, após empate no Rio por 1x1.


No ano seguinte, o Grêmio enfrentava o Corinthians pela Semi-Final da Copa do Brasil. O Grêmio venceu dando apenas um chute em gol. O placar foi aberto com gol contra, ampliado com Paulo Nunes, e o Corinthians descontou com Marcelinho Carioca, de falta, que ainda desperdiçaria pênalti mal marcado, batendo na trave.


Gostou? Compartilhe. Discordou? Comente.

domingo, 6 de maio de 2012

Grêmio e Guaraní-PAR: O Jogo dos Sete Erros

Poderiam ter sido bem mais, os erros, pois graças ao árbitro da partida, o Guaraní-PAR teve um gol irregular anotado, marcado por jogador em posição de impedimento.

Neste dia, em 6 de Maio de 1997, o Grêmio classificava às Quartas-de-Final. 15 anos atrás

Mas como o alternativismo era regra, na época, o Grêmio chegaria à vitória aos 47min do 2º Tempo, após bola alçada na área, com casquinha do zagueiro e escorada por Paulo Nunes. Rodrigo Gral, entre três zagueiros, conseguiu tocar no canto, marcando a vantagem que levaria para os pênaltis.

Antes disto, em jogada tramada pela esquerda, entre Roger e Carlos Miguel, Paulo Nunes se livrou de dois marcadores para bater de canhota e marcar.

A cereja do bolo estava guardada para o fim do jogo. Decretada a decisão por cobranças penais, Grêmio e Guaraní protagonizaram uma das cobranças de pênaltis mais desastrosas e patéticas da história, talvez só superadas antes pelas cobranças entre Sport e Guarani, encerradas de comum acordo entre os dois times após empate em 11x11, e posteriormente pela malfadada decisão entre Brasil e Paraguai (com direito à famosa cobrança do Elano).

Nesta disputa, a magra vitória por 2x1 foi marcada por nada menos do que SETE COBRANÇAS erradas. Para o Grêmio, converteram Dinho e Arce. Erraram Mauro Galvão, Carlos Miguel e Rodrigo Gral (a cobrança mais patética de todas). Para a equipe paraguaia, somente Sotelo converteu, tendo Romero, Soto, Delgado e Ahumada errado suas cobranças.


Gostou? Compartilhe. Discordou? Comente.

sábado, 7 de abril de 2012

A Recopa que era uma Revanche

No campo dos boatos e lendas urbanas, o terreno é sempre fértil. Em 1984, quando o Grêmio foi derrotado pelo Independiente - vale dizer, o maior vencedor da competição -, surgiram toda a sorte de histórias: o grupo havia rachado no intervalo por conta do Bicho pela vitória, os jogadores teriam boicotado o treinador, dentre outras menos cabeludas...

O fato é que o Grêmio enfrentava um adversário de muito valor, e em dois jogos muito equilibrados, saiu vencedor o time argentino, num gol de ninguém menos que Jorge Burruchaga, campeão com a Argentina na Copa de 86. Infelizmente para o Grêmio, não foi possível dar este título para o Capitão Froner, um dos artífices do clube e de seus anos mais gloriosos.

Aqui corta a cena, e passa para 1993, quando Luis Felipe Scolari, legítimo representante da Escola Gaúcha de Treinadores, de Otto Bumbel, Osvaldo Rolla e Carlos Froner, assumia um Grêmio então vencedor do Campeonato Gaúcho, substituindo Cassiá, sob protestos da torcida. Estaria ali iniciada uma tragetória que tiraria um clube do ostracismo ao qual havia sido efêmeramente condenado, para conquistas que tornariam aquele um período de Ouro. E à cada etapa conquistada, um novo desafio, ainda maior, era interposto, sempre vitoriosamente, até a fatídica final do Mundial Interclubes contra o Ajax, em que o clube foi derrotado nos pênaltis.

Menos de cinco meses depois, apenas, o clube estaria de volta ao Japão para disputar a Recopa Sul-Americana, contra o Campeão da Supercopa da Libertadores, um valoroso torneio vencido por eles, Cul Atlético Independiente. Justiça poética, do lado adversário fardava o vermelho ninguém menos que Jorge Burruchaga, o Carrasco de 84.

Dessa vez a história seria diferente. E por "diferente" entenda-se MUITO diferente. Primeiro com Jardel, em sua jogada característica, e criando contornos de legítima revanche, empatava de pênalti Burruchaga. Carlos Miguel tirava o empate do placar, e complementavam Adílson de pênalti e Paulo Nunes, fechando o elástico 4x1 que daria o título ao Grêmio.

Veja os gols abaixo.


Gostou? Compartilhe. Discordou? Comente.

quarta-feira, 4 de abril de 2012

Aírton, o Zagueiro que valia por um Pavilhão.

Nascido Aírton Ferreira da Silva, por uma daquelas histórias que tornam-se lendárias e emblemáticas, receberia a alcunha que o acompanharia durante o restante de seus dias na Terra, quando o Grêmio trocou com o Força e Luz, então força esportiva do Rio Grande do Sul, um Pavilhão pelo zagueiro Aírton. Era iniciada uma trajetória que transformaria um simples jogador em uma lenda viva.



Deixando para trás as cores rubras do Grêmio Sportivo Força e Luz, agremiação ligada à Companhia Carris Porto Alegrense e à então CEERG (hoje CEEE), defenderia com êxito outro Grêmio, de tricolor de Negro, Azul e Branco, em quais cores escreveria para sempre o seu nome. Estreou num longínqüo 1954, em 1º de Agosto, contra o Cruzeirinho, de PoA, naquilo que era um Clássico da Cidade, num empate em 1x1, no antigo Estádio da Montanha.

Seu estilo clássico e elegante tornaram-se marcas reconhecidas de seu futebol. A marcação forte, mas leal e pouco faltosa, e a incrível capacidade para o desarme limpo o levariam para a Seleção Brasileira e para o Santos.

Por tudo isso, Pelé o elegeria, informalmente, como um dos maiores zagueiros de todos os tempos, dentre os que enfrentara. E não foram poucos os grandes marcadores que ousaram marcar o Rei Pelé. Ernst Happel, em 1958, Bobby Moore, Orlando de la Torre, Atilio Ancheta e Poletti, todos na Copa de 70, Raúl Machado, em 62, e Cesare Maldini, em 63. Tal admiração rendeu declarações de admiração.

Segundo alguns, Pelé teria dito que "(Aírton) era o melhor zagueiro do mundo". Não há comprovação, mas disse, quando da aposentadoria de Pavilhão que "Agora ninguém mais me marca sozinho". Ainda sobre Aírton, Alcindo Martha de Freitas, o Bugre Xucre, artilheiro do Grêmio, que jogou no Santos ao lado de Pelé, conta história abaixo:

"Quando cheguei no Santos, claro, eu falava muito com o Pelé. Ele tinha sido importante para a minha contratação. Numa dessas conversas, o Pelé quis saber sobre o Aírton. Ele nem sabia o seu nome. Me perguntou quem era aquele queixudo grande e elegante, que marcava sem fazer falta. O Pelé me disse que tinha jogado contra ele sem que fosse tocado uma vez sequer. Sem uma falta, nada. E, mesmo assim, o Pelé me garantiu que era quase impossível driblá-lo. Impossível não podia ser, porque Pelé é Pelé. Mas o Pelé se encantou com o Aírton. Dizia, impressionado: 'Aquele cara me marcou sem fazer falta! Sem nem me tocar. E me marcou, realmente me marcou' "

Ao lado de outros grandes atletas, como Arlindo, Alberto, Altemir, Áureo, Ortunho, Élton, João Severiano, Juarez, Paulo Lumumba, Sérgio Lopes, Milton, Vieira, Alcindo, Marino e Carlos Froner, dentre outros, marcou história no clube com uma seqüencia hegemonia quase insuperável de 11 títulos gaúchos em 12 possíveis, entre os anos de 1956 e 1967, classificações inúmeras para os torneios da Taça Brasil e Roberto Gomes Pedrosa. Venceu também o Campeonato Sul-Brasileiro de 1962, láurea nunca alcançada pelo auto-intitulado "Campeão de Tudo".


Como se não bastasse, em 1956 a Seleção Gaúcha - e não o Internacional, como gostam de bradar os idólatras da mentira, alcançando alguns incautos - representaria a Seleção Brasileira no Campeonato Pan-Americano de Seleções, com jogadores de Grêmio, Inter e Renner, entre outros clubes. Sagraria-se Campeão, vestindo a camisa da Seleção Brasileira, honraria máxima para um jogador do país.

Além do estilo clássico, da elegância, da marcação pouco faltosa, do desarme limpo, outra característica marcaria um novo ponto da carreira de Pavilhão: sairia dela como entrou. A habilidade e intimidade com a bola eram marcantes. Sua jogada característica era levar a bola até a bandeirinha de escanteio, e recuar para o goleiro "de letra" ou "de Charles", como se dizia na época. Acabou cortado da Copa de 1962 conforme retrata a história abaixo.
"O ano é 1962. Os jogadores da Seleção Brasileira convocados para a Copa do Mundo do Chile estão treinando em Campos do Jordão, região serrana do Estado de São Paulo, escolhida a dedo para acostumar os jogadores do “escrete” ao clima e à altitude dos Andes. O zagueiro Aírton Pavilhão, do Grêmio (o único convocado de fora do eixo Rio-São Paulo) recebe uma bola na frente da área e dirige-se até a bandeirinha de escanteio, no que é acompanhado pelo adversário do treino. Chegando lá, Aírton parecia encurralado: atrás de si, o atacante; à frente, o final do campo. De repente, para surpresa de todos, ele gira o imenso corpo de 1m89cm e posicionando a bola do lado de fora do pé esquerdo, chuta-a com o peito do pé direito fazendo um lançamento para o goleiro Gilmar, a alguns metros dali. A isto antigamente chamava-se “dar de Charles” (hoje, chamaríamos “dar de letra”), e era uma jogada muito utilizada por atacantes habilidosos. Eu disse atacantes – nunca um zagueiro comum faria uma coisa dessas. Eu disse um zagueiro comum – não Aírton Ferreira da Silva. Todos ficaram boquiabertos com o lance, inclusive o treinador, Aymoré Moreira, que nunca vira nada parecido. E como nunca vira nada parecido, achou melhor dispensar Aírton do grupo que iria ao Mundial, com medo que ele repetisse e errasse a jogada durante o torneio. A verdade é que o único errado nesta história era o próprio Aimoré Moreira: Aírton nunca errou aquela jogada. Com isso, o Brasil perdeu a chance de ter tido o primeiro zagueiro, desde Domingos da Guia, a rivalizar em talento com os nossos melhores atacantes e a chamar a atenção do resto do mundo. A seleção de 1962 ficou mais pobre sem ele."
Foto do ClicRBS, durante o Velório coberto pela Bandeira do Grêmio, e ao lado, tendo segurada a camiseta Alvi-Rubra do Força e Luz.

Dessa forma, Aírton saía da Seleção Brasileira, com a qual poderia ter conquistado a taça, e à 3 de Abril de 2012, Pavilhão saía da vida, e tornava-se mais uma daquelas lendas, vivas ou mortas, que certamente serão cultuadas por décadas, ou mais tempo. E sobre grandes ídolos do passado, como manda o figurino, repousam grandes lendas. Veja algumas delas abaixo:

- Aírton fazia truques: um deles era jogar a bola para cima e, antes que voltasse ao solo, dar outro balão, fazendo-a subir e a torcida no Olímpico urrar. Na descida, Aírton aparava-a na ponta da chuteira.

- Em outro, arrastava a bola até a bandeirinha de escanteio e, de lá, mandava-a "de letra" sobre as cabeças dos atacantes, nas mãos do goleiro do Grêmio.

- Aírton não fazia faltas. Na única vez em que cometeu esta infração, sobre o centroavante colorado Larry, saiu de campo lesionado.

- Em um Gre-Nal, virou lenda a história de ter tirado de cabeça 40 bolas da área gremista.

- Consta que o primeiro drible que levou de um centroavante foi no fim de sua carreira, quando estava prestes a se aposentar.

- Na Seleção Brasileira, Aírton dividiu o campo com outros gênios, como Garrincha, Pelé, Zagallo e Zito.

- Segundo o colega de Grêmio Alcindo, Pelé teria dito, sobre Airton: "Aquele cara me marcou sem fazer falta! Sem nem me tocar. E me marcou, realmente me marcou."

Relembre entrevista de Aírton clicando aqui.

Pavilhão nascera colorado, e chegou à habitar as categorias de base do clube. Colhendo esse ensejo, aproveitamos para parabenizar o Sport Club Internacional, pelos seus 103 anos de "proficua existência", como se dizem nas solenidades. Não esconde-se de ninguém que este blogueiro é gremista, mas são personagens como o Aírton Pavilhão que nos lembram sempre que o respeito mútuo é movido sempre à base da grandeza que é reservada sempre aos grandes personagens. Grandeza de reconhecer a grandeza alheia. Como há muitos anos atrás um ainda humilde Fernando Carvalho dedicou um belíssimo texto ao centenário do Grêmio, que pode ser lido aqui, queremos celebrar tão importante data, porque há cento e três primaveras podemos medir forças com rivais à nossa altura.

Parabéns, Sport Club Internacional.

Gostou? Compartilhe. Discordou? Comente.