domingo, 28 de outubro de 2012

As 10 regras do Futebol de Rua

O Futebol de Rua é, sem sombra de dúvidas, o grande esteio onde está assentado o futebol do país.

Versão mais popular e abagualada do esporte bretão, é por definição edificadora de ccaráter, já que eclusiva de guascas de primeira grandeza.

Por isso mesmo, o Futebol de Rua possui algumas regras para manter sua assência. Veja.

1. A BOLA
A bola poderia ser qualquer coisa remotamente esférica. Até uma bola de futebol servia, mas as de borracha pura eram as preferidas, quem controlava uma daquelas até hoje é bom de bola, pulavam muito. No desespero, usava-se qualquer coisa que rolasse, como uma pedra, uma lata vazia ou a lancheira do irmão menor.


2. O GOL
O gol poderia ser feito com o que estivesse à mão: tijolos, paralelepípedos, camisas emboladas, chinelos. A grande área o circulo do meio campo e a marca de penalte, quando tinha asfalto, eram desenhadas com um pedaço pedaço de tijolo.


3. O CAMPO
O campo poderia ir até o meio-fio (guia) da calçada, calçada e rua, rua e a calçada do outro lado e, nos grandes clássicos, o quarteirão inteiro.


4. DURAÇÃO DO JOGO
O jogo normalmente virava em 5 e terminava em 10, podendo durar até a mãe do dono da bola chamar ou escurecer. Nos jogos noturnos, até alguém da vizinhança ameaçar chamar a polícia.


5. FORMAÇÃO DOS TIMES
Variava de 3 a 70 jogadores de cada lado (sempre escolhidos pelos dois “craques” da turma). Ruim (normalmente o dono da bola) ia para o gol. Perna de Pau jogava na ponta, a esquerda ou a direita, dependendo da perna que faltava. De óculos era meia-armador, para evitar os choques. Gordo era beque.


6. O JUIZ
Não tinha juiz.


7. AS INTERRUPÇÕES
No futebol de rua, a partida só poderia ser paralisada em 3 eventualidades:
a) Se a bola caísse no quintal da vizinha chata. Neste caso os jogadores deveriam esperar 03 minutos pela devolução voluntária da bola. Se isso não ocorresse, os jogadores deveriam designar voluntários para bater na porta da casa e solicitar a devolução, primeiro com bons modos e depois com ameaças de depredação.
b) Quando passava na rua qualquer idoso(a) ou garota gostosa.
c) Quando passavam veículos pesados. De ônibus para cima. Bicicletas e Fusquinhas podiam ser chutados junto com a bola e, se entrassem, era Gol.


8. AS SUBSTITUIÇÕES
Eram permitidas substituições nos casos de:
a) Um jogador ser carregado para casa pela orelha para fazer a lição.
b) Um jogador que arrancou o tampão do dedão do pé. Porém, nestes casos, o mesmo acabava voltando a partida após utilizar aquela água santa da torneira do quintal de alguém.
c) Em caso de atropelamento.


9. AS PENALIDADES
A única falta prevista nas regras do futebol de rua era atirar o adversário dentro do bueiro.


10. A JUSTIÇA ESPORTIVA
Os casos de litígio eram resolvidos na porrada, prevalecendo a opinião dos mais fortes ou quem pegasse uma pedra antes.


Fonte: Blog do Bola

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quinta-feira, 11 de outubro de 2012

As fantasias do Real, por Guido Mantega

Passados quase 20 anos do lançamento do Plano Real, o sucesso da empreitada foi absoluto. As taxas de inflação controlaram-se após mais de 30 anos da doença hiperinflacionária.


Contrastado ainda com os múltiplos planos econômicos e monetários que sucederam-se num turbilhão entre o fim do Regime Militar e a adoção do Real, não restam dúvidas de que todos os objetivos tenham sido alcançados. Plano Cruzado, Plano Cruzado II, Plano Bresser, Plano Verão e Plano Collor, cada um com suas bases teóricas, suas metodologias, seus táticas e estratégias, entre todos restou em comum o retumbante fracasso. Parte da explicação encontra guarida na incapacidade do Governo em reduzir significantemente o déficit orçamentário e realizar um verdadeiro aperto montário. Faltou a percepção de que a Inflação é um fenômeno monetário, e não um aumento de preços.


O Plano Cruzado chegou próximo de algum sucesso, mas em 9 meses, caiu como um castelo de cartas. Os que o sucederam, desnorteados, adotaram estratégias cada vez mais exóticas, perdendo-se em meio à vazias discussões teóricas. Por sua vez, o Plano Verão também teve alguma possibilidade de sucesso, e de certa forma legou ao Plano Real algumas valências, entre elas um corte fiscal mais ousado, a abertura econômica, o Plano Nacional de Desestatização e um ousado plano de reforma do estado.

É possível afirmar que só houveram outros dois casos de hiperinflação na história. A Hiperinflação Alemão dos anos 20, e a Hiperinflação do Zimbawe, até hoje não debelada... Em três décadas, entre 1965 e 1994 nossa moeda acumulou inflação de 1.142.332.741.811.850%. Sim, 1,1 Trilhão porcento. Após sucessivos cortes de zeros nas moedas (alguns deles feitos com um varzeano carimbo do Banco Central em notas antigas), perdeu-se a noção dos malefícios da Inflação e passamos à, bovinamente, conviver com ela... Até 1994...

Uma das remarcações varzeanas, de Cruzado para Cruzeiro Novo.
De qualquer sorte, o tema central do post não é esse, mas a ferrenha oposição do PT e de Lula contra o Plano - e posteriormente, à muitas medidas modernizadoras da Era FHC. Abaixo, segue artigo do então futuro Ministro da Fazenda, Guido Mantega, sobre a adoção do Plano Real, publicado na Folha de São Paulo, em 12 de Junho de 1994.

"06/07/2012
‘As fantasias do real’, por Guido Mantega

PUBLICADO NA FOLHA DE S. PAULO EM 12 DE JULHO DE 1994.

GUIDO MANTEGA

Diga-se o que quiser do Plano Real, pelo menos num aspecto ele foi bem sucedido. Conseguiu excitar a imaginação popular e passar a impressão de algo novo e diferente dos planos anteriores.

Os arquitetos do real não pouparam sua imaginação para lançar velhas ideias com aparência de novas, como o Comitê da Moeda, Banco Central independente, ou a dolarização com conversibilidade, mesmo que nada disso tenha sido utilizado.

Chegaram ao ponto de reinventar os reis ou reais, uma nova moeda fantasiada do dólar e garantida por um lastro que não exerce nenhum papel prático, uma vez que o real não é conversível, a não ser o de dar a impressão de que o real vale tanto quanto a moeda norte-americana.

E todo esse barulho para quê? Para vestir com roupagens sofisticadas e muitos truques de ilusão, mais um ajuste tradicional, calcado no corte de gastos sociais, numa contração dos salários, num congelamento do câmbio e outros ativos e, sobretudo, num forte aperto monetário com taxas de juros estratosféricas.

A parte mais imaginativa do plano, que foi a superindexação da economia pela URV, revelou-se a mais perversa, porque passou a ideia de que os salários estavam sendo perfeitamente indexados e resguardados da inflação. Quando, na verdade, foram colocados em desvantagem na conversão para a URV em relação a preços, tarifas e vários outros custos e ainda perderam os reajustes automáticos que a lei salarial lhes garantia.

De primeiro de julho em diante os salários serão pagos em real, que tem a aparência de ser uma moeda indexada, como se tivesse herdado as virtudes da URV, porém é uma moeda desindexada e totalmente vulnerável a corrosão inflacionária do real.

A regra de conversão dos salários pela média e dos preços, tarifas e outros custos pelo pico, matou dois coelhos de uma só cajadada. Reduziu preventivamente a demanda dos assalariados, que poderia aumentar com a queda brusca da inflação e comprimiu os custos salariais, dando uma folga para os preços.

Com esses artifícios, os preços têm chance de apresentar alguma estabilidade por algum tempo, porque desfrutarão de um conjunto de custos estáveis, como salários, tarifas, matérias-primas importadas, aluguéis e tudo o mais que foi congelado por até 12 meses, sem a aparência de estar congelado.

E aqui também a ilusão funcionou, porque vendeu-se a idéia de que o plano não utilizou o congelamento, quando, na verdade, congelou o câmbio, tarifas, aluguéis e contratos. Só não congelou mesmo os preços e deixou os salários no limbo de um semicongelamento, com o ônus de correr atrás do prejuízo que será causado pela inflação do real.

Portanto, mais do que um plano eficiente e bem concebido, o real é um jogo de aparências, que pode durar enquanto não ficar evidente que as contas do governo não vão fechar por causa dos juros altos, que o mercado sozinho não é capaz de conter os preços dos oligopólios sem uma coordenação das expectativas por parte do governo, que os salários não manterão o poder aquisitivo por muito tempo, que o real não vale tanto quanto o dólar.

Mas não se deve subestimar a eficiência das aparências e dos jogos de prestigiação nas artimanhas eleitorais. As remarcações preventivas dos preços, junto com os congelamentos, permitirão uma inflação moderada em julho e, talvez, uma ainda menor em agosto, numa repetição da trajetória dos preços por ocasião da implantação da URV, que subiram muito em fevereiro, na véspera da fase dois, elevando os índices de inflação de março, e depois caíram em abril e só voltaram a subir em maio e junho.

A questão é saber em quanto tempo o grosso da população irá perceber que uma inflação moderada por si só, acompanhada por um aperto monetário e recessão, não melhora sua situação, não cria empregos e, na ausência de uma lei salarial e correções automáticas, pode ser tão deletéria quanto uma inflação de 30% a 40% com indexação."

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quinta-feira, 4 de outubro de 2012

Cover do Dia: Full of Habits, from Black Race

Esse cover entra na lista pelo exótico. É difícil de acreditar, mas eu gosto de Raça Negra. O que não deixa de ser um fato exótico.

Um dos maiores sucessos da banda é o hit "Cheia de Manias", com o famoso refrão escrito pelo Luiz Carlos, um grandioso poeta dos pandeiros e da língua presa e hipertrofiada...

"Di di di di di di ê" CARLOS, Luiz.

Através do Bruno Moita, fui apresentado à versão do Pagodeversions, uma inusitada tradução para o inglês e tocada só no violão.

"Beautiful girl
She know's she's tasty"

Veja agora as versões! Boa diversão.

Cheia de Manias - Raça Negra:


Full of Habits - Pagodeversions:


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