domingo, 26 de fevereiro de 2012

Novo Hamburgo na Final da Taça Piratini

Há um tempo eu não ia ao Estádio do Vale, prestigiar o Novo Hamburgo. Hoje surgiu a oportunidade, com a Semi-Final da Taça Piratini.

Esperei em casa, para assistir a outra Semi-Final, também com um caxiense, a SER Caxias, contra o Grêmio.

Já no Estádio do Vale, a fila para comprar o ingresso era grande, e ali viam-se entre muitas camisetas do Nóia, alguns fardados de Inter e de Grêmio. E ao lado, alguns torcedores do Juventude, já em elevado estádo alcoólico, hehe, açoitavam verbalmente estes torcedores, com gritos Anti-Grenal, e algumas vezes parabenizavam os torcedores fardados de Novo Hamburgo. Também gritavam "Eliminados, Eliminados", e eu rindo comentei com o cidadão ao lado: "Vamos gritar 'Eliminados, Eliminados' pra vocês depois do jogo".

Na entrada, ainda encontrei alguns colegas de Banrisul, com quem assisti parte da partida. Chamava a atenção que o estádio estava praticamente lotado. Na torcida adversária, logo alguns torcedores invadiram o teto da copa local, e alguns já foram mais cedo pro camburão, hehe...

Rola a bola, e o Novo Hamburgo é mais agressivo, mas logo quem marca é o Juventude, com um passe entre as pernas do zagueiro, que encontra Athos, para abrir o placar. O Novo Hamburgo permanece melhor na partida, e em bola aberta na direita, cruzada da intermediária, Mendes se antecipou ao goleiro e deixou tudo igual. Dai para adiante, o Novo Hamburgo se manteve instável, permanecendo na defensiva, sem conseguir tomar as ações no jogo. Isso mudaria aos 33 minutos, quando em cobrança de escanteio, uma casquinha de jogador do Nóia para trás, o zagueiro Rafael Pereira fez contra, dentro da pequena área.

Daí em diante, até o final do 1º Tempo, o Novo Hamburgo teve o total domínio da partida, levando perigo do terceiro gol, sem sofrer qualquer assalto do Juventude. Não houvesse o Intervalo quebrado o ritmo do jogo, esfriando o Novo Hamburgo, não haveria, possivelmente, chance alguma para o time esmeraldino.

No intervalo, ainda subi para as cabines de imprensa, para visitar o amigo e repórter da TV NH (http://www.tvnh.com.br/) Pablo Rodrigues. Aproveitei e sentei por lá, com uma visão pra lá de privilegiada.

Fonte: Zero Hora.


Na volta para o 2º Tempo, o jogo ficou mais franco. O Juventude tomava a iniciativa, mas a defesa anilada estava, em geral, bem postada e repelia com sucesso os lances ofensivos. E nos contra-ataques, o Novo Hamburgo cansou de empilhar e desperdiçar contra-ataques, talvez uns vinte. O camisa 10 errou, frouxo, uns 10 cruzamentos... Vale lembrar que mesmo a solidez defensiva não vou absoluta. Em três lances, ocorreram bate-rebates na Grande Área, perigosíssimos, salvos no último instante, pelo Martini ou pelo Chicão. Nessa etapa, o árbitro falhou em muitos pequenos lances, revertendo faltas, laterais, e até em um lance capital, marcando impedimento inexistente para Juba, que poderia consolidar a vitória ampliando para 3x1. Em mais um lance na área, por duas vezes os zagueiros anilados tentaram dar balão, com a bola rebatendo para dentro da área. Na segunda oportunidade, ela se ofereceu para Athos, que tocou inapelavelmente para as redes. Na altura dos 30 minutos da segunda etapa, parecia que mais uma decisão ficaria para as cobranças penais.

O Novo Hamburgo, que desperdiçara contra-ataques, ora por preciosismo, ora por erro no último passe, acabou desempatando já nos acréscimos. Num balão do goleiro Martini, aos 46 minutos, Juba ajeitou de cabeça para Paulo Macaíba, que recebeu entre dois zagueiros e encobriu o goleiro Jônatas, decretando a vitória. Para completar o nervosismo, mais um lance na pequena área do Nóia, em cobrança de falta, quase a bola sobra para o atacante esmeraldino. A zaga salvou em ato contínuo, apita o árbitro, encerrando a partida e encaminhando o Anilado para a final do Turno, que também será no Estádio do Vale, na Quarta-Feira, dia 29 de Fevereiro.


Na saída, tensão. Torcedores juventudinos aguardavam o embarque para os ônibus, justamente no caminho entre eu e meu carro. Tentei contornar, mas parte do trajeto necessáriamente teria de passar na frente de alguns torcedores visitantes. Assim que cheguei na rua onde tinha estacionado, presenciei alguma confusão. Do que entendi, um gurizão mexeu com umas gurias que passavam, e houve discussão com um guri que andava com as meninas. Ainda tomeu água na cara por conta disso, e provavelmente um dos líderes da torcida, mais velho, começou à xingar o guri que havia mexido com as transeuntes, e desferiu-lhe um soco no queixo. Outros torcedores, bem jovens, talvez nem 18 anos completos tivessem, me orientaram à aguardar um pouco. Ainda comentaram, com rara consciência (que supõe-se deveria vir dos mais velhos, como o líder da torcida que agrediu o colega), "nossa torcida é uma merda". Achei curioso, porque estes três garotos que ali estavam, foram extremamente cordiais comigo, e alinhavaram: "só te peço uma coisa, vamos ganhar do Caxias na Quarta, hein?!". Quando me deram o sinal verde, segui em frente novamente, e mais adiante, já estava preparado para correr com tudo e esquecer o carro ali. Uns alvi-verdes gritaram primeiro "time de merda" para mim, e outro sentenciou: "é muita coragem passar aqui na frente agora". Mais adiante, com tranquilidade, embarquei e voltei para casa.

Feliz, porque o Novo Hamburgo montou um bom time de futebol, contratou um técnico à altura da equipe, Itamar Schule, e parece que finalmente têm o apoio da sua comunidade, fato que não se via à muito tempo. Pude ver na torcida muitos conhecidos, e a arquibancada do Novo Hamburgo estava quase lotada. Além disso, várias empresas locais apoiando financeiramente o clube. É chegada a hora do Novo Hamburgo recobrar o Penta-Vice-Campeonato dos anos 40 e 50, ainda como Floriano, e quem sabe levanter, finalmente, seu Título do Campeonato Gaúcho? A cidade e o clube merecem.

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sábado, 25 de fevereiro de 2012

Tiago Leifert e o Fim do Jornalismo Esportivo

A televisão brasileira desde sempre pôde ser envergada ao lado das melhores televisões do mundo em muitos aspectos. A teledramaturgia brasileira está entre as melhores, senão a melhor. As transmissões esportivas e o cronismo esportivo encontrou aqui sempre um terreno fértil para a maior paixão esportiva dos brasileiros, o Futebol, e especializou-se à tal monta que o Jornalismo Esportivo no Brasil, na opinião deste blogueiro, pôde ser considerado de alto nível.

Ao contrário de muitas transmissões jornalísticas, no Brasil procurava-se buscar o fato esportivo, o debate destes fatos, ou na pior das hipóteses, a objetividade da notícia. O Placar do Fantástico, com o eterno Léo Batista, narrando ou comentando os gols enquanto eles passavam na tela.

Estreia do Globo Esporte, em 1978:

Gols do Fantástico, em 1998:

Globo Esporte, em 1993:

Em 2010, com a criação do "Central da Copa", programa especial para a Copa do Mundo de 2010, e cujo formato, de certa forma, revolucionou o jornalismo esportivo. Pelo descontraído, pelo uso das tecnologias sociais (YouTube, Skype, Redes Sociais), e acima de tudo pela utilização dessas ferramentas de forma, porque não dizer, brilhante. Era um formato muito adequado ao horário que era apresentado, cuja edição principal das três diárias era à noite, antes do Jornal da Globo. Abaixo, uma amostra do porque o programa foi tão bem sucedido. Ao romper com a rigidez tradicional, talvez tenha o programa alcançado um público tão expressivo, mostrando os bastidores do programa.

Tiago Leifert mostra os recursos tecnológicos do programa:

Os gols "irregulares" da Argentina:

Tudo ia muito lindo e maravilhoso, neste conto de fadas da televisão moderna, quando Leifert apresentou uma proposta de repaginação completa do Globo Esporte, telejornal esportivo consagrado, porém desgastado em seu formato. Em SP, perdia diariamente para as intermináveis reprises de Cháves, gravado quase quarenta anos antes. O argumento de Tiago é que o público daquele horário, estudantes que retornavam das aulas matinais e que se preparavam para as aulas vespertinas, queria ver OUTRO tipo de jornalismo esportivo, mais dinâmico, engraçado. Ao adotar esse padrão, Tiago Leifert tornou-se a sensação do cronismo esportivo, o benchmark, o modelo à ser seguido. E isso deu certo. Finalmente o Globo Esporte reagia e voltava à bater Cháves naquele horário.

E esse "movimento" espalhou-se pelo país inteiro, por todas as emissoras. Não que ele tenha sido o inventor disso tudo. Muitos já haviam tentado essa fórmula, com variados graus de sucesso. O programa da Band "Esporte Total na Geral", com Beto Hora (um dos melhores imitadores do país), a encheção de saco do "Dança Renata", do "Jogo Aberto", da Band (além dos AnimaTunes do programa), e porque não lembrar do "Rock Gol", um dos melhores programas da falecida MTV?

Esporte Total na Geral, em 2005:

"Dança Renata", no programa Jogo Aberto:

O ápice da imbecilização do Jornalismo Esportivo foi, sem dúvida, o tal do "João Sorrisão", promoção da Globo para jogadores que comemorassem gols como o "João Sorrisão", roteirizando o único momento da partida em que o jogador entra em simbiose com o torcedor: naquele momento de euforia e gozo, jogador é também um torcedor. A imbecilização promovida pelo "João Sorrisão" foi tão grande que em dois meses a Globo aposentou o boneco inflável.

João Sorrisão no Globo Esporte:

Mas não tardou para o "Conto de Fadas" murchar, e da mesma forma em que o prestígio e a confiança crescem com a audiência, que é absoluta na TV, eles se esvaem fácilmente. Entre Janeiro de 2011 e Janeiro de 2012, a audiência do Globo Esporte caiu 20%, e isso representa fatias importantes de share e de mídia paga para a emissora. Leifert deixava de ser novidade, e sem conteúdo, a novidade nunca dura. Homens fortes na Globo já denunciavam a "imbecilização" do Jornalismo Esportivo da rede, um dos pontos fortes da mesma, e criticavam a falta de conteúdo. Observe a primorosa reportagem abaixo, sobre o CABELO DO NEYMAR...


Um problema maior surgiu quando um jornalista do GE, Léo Bianchi, mais um daqueles tipinhos "engraçadinhos", levou uma foto de Zé Ramalho, para uma entrevista com Barcos, do Palmeiras, comparado pela aparência com o cantor nordestino. Isso é futebol? Isso é jornalismo? Talvez jornalismo do tipo Caras, Contigo, etc... O mais interessante é que o Barcos acertou em cheio a problemática do jornalismo esportivo atual: "Acho que é pouco sério da tua parte". É pouco sério fazer uma reportagem na qual Daniel Carvalho fala de sua vida pessoal, e não de esporte, e no fim da reportagem ainda come "raspadinha com leite condensado", numa alusão pouco cordial ao peso do atleta.

Como é corriqueiro por parte do Leifert humilhar ou expôr as pessoas, ocorria com a argentina Marina, no "Central da Copa", ocorre quase que diariamente com o ex-atacante Caio, no Globo Esporte, ocorreu com Adriano, ex-atacante do Palmeiras, com Daniel Carvalho, e como foi tentado fazer com Hernán Barcos, que não se dobrou à esse "Circo dos Horrores", assim é o Modus Operandi de Tiago. O episódio com o atacante argentino gerou um, por assim dizer, spin off. Como Editor-Chefe do Globo Esporte, ele se envolveu numa discussão pelo Twitter, ofendendo alguns dos seus mais de um milhão de seguidores com adjetivos do naipe de "otário", "babaca", "retardado" e "tribufú".Veja clicando aqui. Os internautas acusaram, com rara precisão, que o episódio era motivado pela atual linha editorial do jornalístico, comandado por Tiago Leifert. A linha editorial de raspadinhas com leite condensado, fotos de Zé Ramalho, concurso do mais belo jogador é dele.
"Babaca é você seu retardado", respondeu Tiago a um deles. "Não vou em coletiva há três anos. Abaixa a bola aí. Fala na cara o dia que você me encontrar na rua, otário", completou o apresentador global.
Ao ser confrontado, optou pelo pior caminho. Como bem colocou em seu blog o Cosme Rimoli, ele teria outra opção, que era a de se aconselhar com Galvão Bueno:

Não existe ninguém no jornalismo esportivo que foi mais massacrado, humilhado do que Galvão Bueno.

Ele é o melhor narrador do país, sem dúvida alguma.

Só que a sua supexposição e a mania de comentar mais do que os comentaristas pesam contra ele.

Não foi por acaso que foi criada a campanha "Cala a Boca, Galvão".
Mas Galvão se comportou como um gentleman.

Mesmo diante de humoristas de gosto duvidoso como Vesgo do Pânico.

Os atende porque entende a situação.

Tem experiência e vivência para perceber que, apesar de contestado, seu talento é reconhecido.
Este blogueiro não se opõe ao bom humor, ao improviso, ao inusitado, ao engraçado. Mas há momento, espaço e até intensidade para tudo na vida, e não é preciso destruir a credibilidade, o bom jornalismo para isso. Há espaço para tudo na vida, mas quem sabe com algum conteúdo, não é? De mais a mais, o "Inacreditável Futebol Clube" é um quadro que trata de um aspecto do futebol, diferentemente do cabelo e das roupas do Neymar.

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sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

Essa é a história de um Furacão...

Um dos próximos visitantes ilustres de Porto Alegre será Bob Dylan, que confirmou show na capital de todos os gaúchos. Achoque dispensa comentários o fato dele ser um dos artistas mais influentes do Rock e de toda a Música Popular...

Em 1975, sob os auspícios de um dos casos criminais mais controversos da justiça americana, ele escreveu uma música de protesto, contra a prisão indevida de Rubin "The Hurricane" Carter, num julgamento cercado de intrigas, perseguição racial e outros interesses que talvez jamais venhamos à conhecer. A música restou imortalizada como um grito de protesto contra a segregação racial que ainda imperava nos Estados Unidos da época.

Trata-se de um Folk Rock, com violinos tocados à moda sulista e a já característica gaita de boca do Dylan. A letra bem construída conta a história do julgamento. Abaixo, as versões em inglês e traduzida, para melhor compreensão.


Hurricane
Bob Dylan

Pistol shots ring out in the ballroom night
Enter Patty Valentine from the upper hall.
She sees the bartender in a pool of blood,
Cries out, "My God, they've killed them all!"
Here comes the story of the Hurricane,
The man the authorities came to blame
For somethin' that he never done.
Put in a prison cell, but one time he could-a been
The champion of the world.

Three bodies lyin' there does Patty see
And another man named Bello, movin' around mysteriously.
"I didn't do it," he says, and he throws up his hands
"I was only robbin' the register, I hope you understand.
I saw them leavin'," he says, and he stops
"One of us had better call up the cops."
And so Patty calls the cops
And they arrive on the scene with their red lights flashin'
In the hot New Jersey night.

Meanwhile, far away in another part of town
Rubin Carter and a couple of friends are drivin' around.
Number one contender for the middleweight crown
Had no idea what kinda shit was about to go down
When a cop pulled him over to the side of the road
Just like the time before and the time before that.
In Paterson that's just the way things go.
If you're black you might as well not show up on the street
'Less you wanna draw the heat.

Alfred Bello had a partner and he had a rap for the cops.
Him and Arthur Dexter Bradley were just out prowlin' around
He said, "I saw two men runnin' out, they looked likemiddleweights
They jumped into a white car with out-of-state plates."
And Miss Patty Valentine just nodded her head.
Cop said, "Wait a minute, boys, this one's not dead"
So they took him to the infirmary
And though this man could hardly see
They told him that he could identify the guilty men.

Four in the mornin' and they haul Rubin in,
Take him to the hospital and they bring him upstairs.
The wounded man looks up through his one dyin' eye
Says, "Wha'd you bring him in here for? He ain't the guy!"
Yes, here's the story of the Hurricane,
The man the authorities came to blame
For somethin' that he never done.
Put in a prison cell, but one time he could-a been
The champion of the world.

Four months later, the ghettos are in flame,
Rubin's in South America, fightin' for his name
While Arthur Dexter Bradley's still in the robbery game
And the cops are puttin' the screws to him, lookin' for somebody to blame.
"Remember that murder that happened in a bar?"
"Remember you said you saw the getaway car?"
"You think you'd like to play ball with the law?"
"Think it might-a been that fighter that you saw runnin' that night?"
"Don't forget that you are white."

Arthur Dexter Bradley said, "I'm really not sure."
Cops said, "A poor boy like you could use a break
We got you for the motel job and we're talkin' to your friend Bello
Now you don't wanta have to go back to jail, be a nice fellow.
You'll be doin' society a favor.
That sonofabitch is brave and gettin' braver.
We want to put his ass in stir
We want to pin this triple murder on him
He ain't no Gentleman Jim."

Rubin could take a man out with just one punch
But he never did like to talk about it all that much.
It's my work, he'd say, and I do it for pay
And when it's over I'd just as soon go on my way
Up to some paradise
Where the trout streams flow and the air is nice
And ride a horse along a trail.
But then they took him to the jail house
Where they try to turn a man into a mouse.

All of Rubin's cards were marked in advance
The trial was a pig-circus, he never had a chance.
The judge made Rubin's witnesses drunkards from the slums
To the white folks who watched he was a revolutionary bum
And to the black folks he was just a crazy nigger.
No one doubted that he pulled the trigger.
And though they could not produce the gun,
The D.A. said he was the one who did the deed
And the all-white jury agreed.

Rubin Carter was falsely tried.
The crime was murder "one," guess who testified?
Bello and Bradley and they both baldly lied
And the newspapers, they all went along for the ride.
How can the life of such a man
Be in the palm of some fool's hand?
To see him obviously framed
Couldn't help but make me feel ashamed to live in a land
Where justice is a game.

Now all the criminals in their coats and their ties
Are free to drink martinis and watch the sun rise
While Rubin sits like Buddha in a ten-foot cell
An innocent man in a living hell.
That's the story of the Hurricane,
But it won't be over till they clear his name
And give him back the time he's done.
Put in a prison cell, but one time he could-a been
The champion of the world.

Furacão

Tiros de revólver ressoam na noite dentro do bar
entra Patty Valentine vinda do salão superior
ela vê o garçon numa poça de sangue
solta um grito "Meu Deus, mataram todos eles!"
aí vem a história do Furacão,
o homem que as autoridades acabaram culpando
por algo que ele nunca fez.
colocando numa cela de prisão, mas houve um tempo
em que podia ter sido o campeão mundial

Três corpos deitados ali é o que Patty vê
e outro homem chamado Bello rodeando misteriosamente
"Eu não fiz isso"ele diz e joga os braços pra cima
"Estava só roubando a registradora , espero que você entenda.
"Eu os vi partindo" ele diz e pára
"É melhor um de nós ligar pros tiras"
e assim Patty chama os tiras
e eles chegam na cena com suas luzes vermelhas piscando
na noite quente de New Jersey

Enquanto isso, bem longe, em outra parte da cidade
Rubin Carter e uns dois amigos estão dando algumas voltas de carro.
O pretendente número um à coroa dos pesos-médios
não tinha idéia do tipo de merda que estava para baixar
quando um tira o fez parar no acostamento
igualzinho à vez anterior e à outra vez antes dessa
em Paterson é assim mesmo que as coisas rolam
se você é negro, melhor nem aparecer na rua
a não ser que queira atrair uma batida policial.

Alfred Bello tinha um parceiro e ele soltou um papo atrás dos tiras
Ele e Arthur Dexter Bradley estavam só fazendo uma ronda
Ele disse "Vi dois homens sairem correndo, pareciam pesos-médios
Pularam dentro de um carro branco com a placa de outro estado"
E a senhorita Patty Valentine apenas assentiu com a cabeça.
Um tira disse, "Esperem um minuto, rapazaes, este aqui não está morto"
Então o levaram à enfermaria
E embora esse homem mal pudesse enxergar
Disseram a ele que podia identificar os culpados.

As 4 da manhã eles arrastam Ruby consigo,
O levam para o hospital e o trazem escada cima
O homem ferido olha pra cima através de seu único olho moribundo
Diz, " Por que vocês o trouxeram aqui dentro? Não é esse o cara!"
Sim, eis aqui a história do Furacão,
O homem que as autoridades acabaram culpando
Por algo que ele nunca fez.
Colocando numa cela de prisão, mas houve um tempo
Em que podia ter sido o campeão mundial.

Quatro meses depois, os guetos estão em chamas,
Rubin está na América do Sul, lutando por seu nome
Enquanto Arthur Dexter Bradley continua no ramo do assalto
E os tiras estão apertando-o, procurando alguém pra culpar.
"Lembra daquele assassinato que aconteceu num bar?"
"Lembra que você disse ter visto o carro fugitivo?"
"Você acha que está a fim de brincar com a lei?"
"Não acha que talvez tenha sido aquele lutador que você viu correndo pela noite?"
"Não se esqueça de que você é branco"

Arthur Dexter Bradley disse "Não tenho muita certeza."
Os tiras disseram, "Um rapaz como você precisa de uma folga da polícia
Te pegamos por aquele serviço no motel e agora estamos conversando com seu amigo Bello
Agora,você não querter de voltar pra cadeia, seja um sujeito legal.
Você estará fazendo um favor a sociedade.
Aquele filho-da-puta é valente e está ficando cada vez mais.
Nós queremos botar o rabo dele pra fritar
Queremos pregar esse triplo assassinato nele
O cara não é nenhum cavalheiro"

Rubin podia apenas nocautear um cara com apenas um soco
Mas nunca gostou muito de falar sobre isso
"É meu trabalho", diria, "E eu o faço para ser pago
E quando isso termina, prefiro cair fora o mais rápido possível
Na direção de algum paraíso
Onde riachos de trutas correm e o ar é ótimo
E andar a cavalo ao longo de uma trilha."
Mas aí o levaram para a cadeia
Onde tentaram transformar um homem num rato.

Todas as cartas de Rubin já estavam marcadas
O julgamento foi um circo de porcos, ele não teve a menor chance.
O juiz fez das testemunhas de Rubin bêbados das favelas
E para os brancos que assistiam, ele era um vagabundo revolucionário
E para os negros, apenas mais um crioulo maluco.
Ninguém duvidava que ele tinha apertado o gatilho.
E embora não conseguissem produzir a arma,
O promotor público disse que era ele o responsável
E o juri, todos de brancos, concordou

Rubin Carter foi falsamente julgado
O crime foi de assassinato "em primeiro grau" adivinha quem testemunhou?
Bello e Bradley,e ambos mentiram descaradamente
E os jornais, todos pegaram uma carona nessa onda.
Como pode a vida de um homem desses
Ficar na palma da mão de algum tolo?
Vê-lo obviamente condenado numa armação
Não teve outro jeito a não ser me fazer sentir vergonha
De morar numa terra onde a justiça é um jogo.

Agora todos os criminosos em seus paletós e gravatas
Estão livres para beber martinis e assitir o sol nascer
enquanto Rubin fica sentado como Buda em uma cela de 3 metros
Um inocente num inferno vivo.
Essa é a história do Furacão,
Mas não terá terminado enquanto não limparem seu nome
E devolverem a ele o tempo que serviu.
Colocado numa cela de prisão, mas houve um tempo
Em que podia ter sido o campeão mundial.



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sábado, 11 de fevereiro de 2012

Homens que devemos conhecer: Tommy Jordan

Ser Pai: você está fazendo isso incrívelmente certo.

A revista Exame, no seu site, publicou na área de tecnologia um vídeo postado por Tommy Jordan, sobre um texto postado no Mural do Facebook da filha, reclamando da vida, e, por assim dizer, tomando uma providência enérgica.

OK, Jordan não é uma pessoa famosa, e o fato é recente, mas acho todos concordam que ele merece entrar nessa digníssima lista de Homens que devemos conhecer.

Quando eu digo que o mundo está cada vez mais abichornado, eu falo sério. A nossa geração está perdida, e as próximas seguem o mesmo caminho. A miguxização está em marcha acelerada.

Tommy Jordan tomou uma atitude radical. Postou o vídeo, leu a carta da filha em voz alta, na qual reclama de tarefas domésticas, pede para ser PAGA pelo que faz, e é ironizada por Jordan, aparentemente um americano médio, com sua camisa xadrez para dentro das calças, cingida por um cinto, e portando sua fiel amiga, no caso uma .45.

Taí um exemplo à ser seguido. Quem sabe ao invés de deixarmos um mundo melhor para nossos filhos, deixemos filhos melhores para nosso mundo, e não esse bando de choramingões, miguxos e fedelhos pederastas.

De qualquer forma, a reportagem da Exame pode ser vista clicando aqui, e o vídeo, abaixo.

Taí um pai bagual véio, que todos sigam seu exemplo.


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quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

Agora é tarde...

Ultraje a Rigor é uma banda que precedeu, e de certa forma foram precursores, do escracho e do escatológico de Mamonas Assassinas, Baba Cósmica e assemelhados. Desde seus primeiros álbuns, a banda mostrava à que veio, com sucessos como "Nós vamos invadir a sua praia" (talvez seu maior sucesso), "Mim quer tocar", "Marylou" e "Inútil".

Do seu último álbum de estúdio, "Os Invisíveis", de 2002, ficaram algumas músicas, sempre marcadas pela simplicidade, e pelas temáticas cotidianas tradas com bom humor. Uma delas é "Agora é Tarde", onde Roger escreve de forma absolutamente simples sobre as oportunidades perdidas...



Agora é Tarde
Ultraje a Rigor

O risco de eu me machucar era pequeno e mesmo assim
Não consegui me convencer que aquilo era bom pra mim
Minha cabeça paranóica não deixou eu me mover
Fiquei ali paralisado sem saber o que fazer

Agora é tarde como eu fui bobo em vacilar
Mas não vou mais deixar passar aquilo que eu quiser fazer
Ainda é cedo pra uma outra chance aparecer
E dessa vez eu vou fazer de tudo pra ela acontecer

Eu tive a chance e só o que eu tinha que fazer era ir lá
Me apresentar, nada de mais, era tão fácil de fazer
Eu tive medo e agora eu sei que é melhor se arrepender
Do que se fez do que não ter tido a coragem de fazer

Agora é tarde como eu fui bobo em vacilar
Mas não vou mais deixar passar aquilo que eu quiser fazer
Ainda é cedo pra uma outra chance aparecer
E dessa vez eu vou fazer de tudo pra ela acontecer

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sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

Cover da Semana: Duas cartas numa só

Na segunda metade dos anos 60, o Rock Psicodélico já tinha entrado em cena, e numa mistura disso com o "Blue Eyes Soul", ou um "Soul de Brancos", a hoje quase desconhecida banda americana The Top Box, chegou ao topo das paradas americanas e ficou lá por quatro semanas, numa época em que ficar uma semana já era um grande feito. Desbancar Stones, Beatles, Beach Boys e outras bandas inglesas era tarefa para poucos.

Apenas alguns anos depois, em 1970, Joe Cocker, hoje muito mais conhecido que The Top Box, fez uma releitura interessante da música, um Blues Rock poderoso com o uso de piano e sopros, e num compasso mais veloz. Essa é de longe a versão mais conhecida de uma música que teve dezenas de regravações, em variados estilos, como o Disco, Pop e Eletrônico...

A música foi escolhida por causa, justamente, das diferenças significativas entre a versão original e a releitura. Veja por si mesmo.

The Top Box - The Letter (1967):

Joe Cocker - The Letter (1970):

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quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

Futebol: profissionalização das atividades-meio

Abaixo, apenas um post que escrevi, nas andaçnas internéticas, com um pequeno apanhado de idéias sobre a profissionalização do futebol...

Não me parece que a profissionalização desmensurada e irrestrita traga benefícios de longo-prazo para o Clube, exemplos temos vários.

Porém, se a Atividade Fim de um Clube de Futebol É e DEVE ser o Futebol, ela é portanto o centro da atividade política de um clube. É aquela velha máxima, quem conquista o coração dos torcedores não são os Dirigentes que "pagam" títulos, mas aqueles que conquistam. Futebol é a CARA do clube para os seus torcedores.

Porém, nem só de Futebol vive um Clube, até porque o futebol como atividade econômica tornou-se palco de uma idiossincrasia fenomenal: comporta anacronismos dantescos com o fino da modernidade. E eles convivem em relativo equilíbrio.

Portanto, profissionalizar as atividades MEIO de um clube representa um esforço de, talvez, retirar o caráter político e a instabilidade que isso inevitavelmente trás, e permitir que o Mérito e a Competência sejam os fatores de avaliação das políticas aplicadas à cara uma das facetas da gestão de um clube.

O que sabemos é que planejamento de médio e longo prazo não resistem aos casuísmos políticos que à cada dois anos domimam o Grêmio. A solução é profissionalizar estas áreas, como Administração, Marketing, Finanças,Quadro Social, talvez até as Categorias de Base, num esforço para ampliar o horizonte de trabalho destas áreas.

Caso contrário, viveremos de casuísmos e tiros no pé. A gestão financeira da Gestão Duda representa isso. Ao invés de persistir num caminho que conscientemente trilhávamos, e para o qual sabíamos onde nos levaria, voltamos senão para a estaca zero para um estágio que achávamos já superado. Daí a importância de planejar com médio e longo prazo.

Futebol, porém, é uma área em que a Profissionalização ainda não se criou. Como criar indicadores que possam medir o sucesso de um Gerente de Futebol? Isso é assunto delicado, e aí não acredito que a profissionalização possa valer à pena.

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