sexta-feira, 4 de maio de 2012

Gauchão e Futebol do Interior: Alternativas, Parte 2

A problemática do Futebol Gaúcho

- Clubes: Os clubes do Interior se deterioram à cada temporada. Não investem em Categorias de Base, não investem em Patrimônio, não solidificam Parcerias Comerciais, não investem na Valorização do Torcedor como base indelével de um clube. Clubes de empresários não dependem de patrocínio ou torcida. Mas os clubes tradicionais não valorizam seu maior patrimônio, sua história, para mobilizaram torcedores antigos e criarem novos. O gigantismo da Dupla acaba fazendo minguar o tamanho das torcidas do Interior, reduzidas praticamente à segundo clube nos corações dos habitantes locais. O resultado são estádios vazios, clubes com quadros sociais reduzidos, e pouca mobilização local.

- FGF: Apesar dos reajustes das cotas de televisão, a FGF não possui nenhum tipo de planejamento para o Futebol Gaúcho. Na incapacidade dos clubes fazerem por si mesmo, a FGF deveria buscar para si essa responsabilidade. Promover cursos e simpósios de Gestão Esportiva, de Marketing Esportivo, estabelecer uma Estratégia com os clubes, e uma Agenda para a mesma, promover o BOM uso dos recursos das Cotas de Televisão, estabelecer tetos de folha de pagamento para clubes do Interior, auxiliar os clubes na aproximação com potenciais parceiros e patrocinadores.

- Gauchão: O principal torneio do estado hoje é a figura do atraso que representa todo o futebol gaúcho. Estabelece muitas datas, até 23 datas/calendário, onerando os clubes, onerando a Dupla Gre-Nal, reduzindo as possibilidades de um clube do Interior vencer o torneio. Adicionalmente, a Segundona Gaúcha e a Copa FGF mereceriam também um redesenho.

Um Rol de Alternativas e Soluções

Para tornar realidade o que apenas podemos sonhar - isto é, um futebol gaúcho pujante e competitivo em nível nacional, eis que sugiro uma estratégia geral que pode, talvez, ser uma alternativa à inexistência de estratégias atualmente vigente.

- Clubes: Mobilização e Atuação Local

Cabe aos clubes montarem estratégias para mobilizar suas torcidas locais e criarem novos torcedores, enfrentando assim o gigantismo da Dupla Gre-Nal, que com o advento da televisão e mais tarde da internet, arregimenta mais e mais torcedores do Interior, esvaziando os clubes locais. Uma idéia é atuar diretamente nas comunidades, mobilizando torcedores antigos, mobilizando escolas, fazendo visitas guiadas aos estádios (e onde houver, Salas de Troféus e Memoriais), aos jogos, formando desde cedo uma paixão. Aproveitar as rivalidades locais é uma forma de intensificar essa paixão. Como conseqüência, a possibilidade de no futuro termos melhores lotações nos estádios, quadros sociais mais cheios, e quem sabe mais atuantes, e com isso fortalecer os clubes nas relações com patrocinadores, fornecedores de material esportivo, empresas de transmissão jornalística.

Os quadros sociais também precisam ser alvo de especial atenção das administrações dos clubes, algo já encarado como prioritário pelos principais clubes do Brasil. Tome-se o exemplo do EC Novo Hamburgo, sediado numa cidade com cerca de 250 mil habitantes. Se o clube lograr êxito em associar 1% dos habitantes da cidade, por exemplo, à uma média de R$ 25/mês, isso representaria uma receita de R$ 62,5 mil, o que certamente garantiria ao menos a cobertura dos custos fixos da entidade.

- Clubes: Gestão e Planejamento

A FGF, em conjunto com os clubes, deve estabelecer metas de desempenho financeiro, com o objetivo de garantir a saúde financeira e a rentabilidade dos clubes, e garantir que parcelas das receitas sejam vinculadas à investimentos em patrimônio, em Categorias de Base.

Cabe à FGF criar mecanismos que permitam e obriguem os clubes à manter o Dpto. de Futebol ativo o ano inteiro, com os benefícios que o Planejamento de Longo Prazo pode trazer para os clubes, não tendo que desmontar e remontar o time à cada temporada. E cabe aos clubes buscarem aperfeiçoamento de seus quadros, no que diz respeito à planejamento e gestão.

Mais uma vez dentro da perspectiva de parceria entre FGF e Clubes, que estes possam ter uma estratégia de valorização conjunta do Gauchão/Clubes. Uma idéia seria lançar um Banco de Oportunidades, ferramenta através da qual a FGF poderia aproximar interessados em investir em Marketing Esportivo dos clubes, em especial os que precisam destes recursos.

Estabelecer também políticas permanentes de investimentos patrimoniais para os clubes, e parcerias comerciais que as viabilizem, modernizando as praças esportivas dos clubes, ou construindo novas (caso de Novo Hamburgo e mais recentemente, Cruzeiro de Porto Alegre), e rentabilizando aqueles espaços comerciais, dentro de estratégias que adotam os clubes o conceito de "Arena".

Também apoiar os clubes à criarem rubricas orçamentárias específicas para o Marketing do clube, dentro ainda da idéia de mobilização das comunidades locais, e promoção e valorização da marca do clube.

Compete à FGF, como órgão executivo do futebol gaúcho, criar formas ou programas através dos quais os clubes possam aperfeiçoar sua Gestão, seus Dptos. de Futebol, Marketing, através de cursos, palestras, simpósios, de forma colaborativa ENTRE os clubes, não competitiva, na forma explicitada nos itens acima.

- FGF: Readequar o Calendário do Futebol Gaúcho

Cabe à FGF readequar o calendário gaúcho à nova realidade. Uma das idéias é reduzir datas para o Campeonato Gaúcho, permitindo aos clubes maior rentabilidade. A alternativa é reduzir datas, permitindo aos clubes, especialmente à dupla Gre-Nal, ter uma pré-temporada mais elaborada. Uma das possibilidades é regionalizar o Campeonato Gaúcho, com a Dupla Gre-Nal entrando na fase quente, que seria disputada no início do ano. Outra alternativa seria uma classificatória de todos contra todos, em turno único, os quatro melhores enfrentando-se numa Semifinal Olímpica, ida e volta, e a final, ida e volta. Seriam 19 datas, contra 23 datas do regulamento atual.

A última parte, à ser publicada, tratará de uma nova fórmula para o Campeonato Gaúcho, Copa FGF e demais competições.

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