terça-feira, 1 de novembro de 2011

A casa de um homem é o seu castelo.

Era cercado de inúmeros significados, o jogo entre Grêmio e Flamengo, neste domingo, dia 30 de Novembro. Primeiro, os jogos entre Grêmio e Flamengo, pelo Brasileirão, estavam rigorosamente empatados. 16 vitórias para cada lado e 17 empates. Segundo, para continuar sonhando com o título, o Flamengo precisaria fazer o que desde 1994 não faz: vencer dentro do Olímpico. E assim foram somente duas partidas, esta em 1994 e antes disso em 1982, de significativa importância, pois marcou o título do Camp. Brasileiro de 1982 para o time rubro-negro, gol de Nunes.

Tudo isto é muito bonito e tal, mas na realidade, supérfluo e inútil. Importante mesmo era o reencontro com Ronaldo de Assis Moreira DENTRO do Olímpico. Inspirado pela revolta dos que, cornamente, pediram seu retorno,e ostentaram medíocres faixas de protesto (como se alguém não soubesse do seu caráter no então fim de 2010), o Olímpico pulsou num mar de vaias, cantos de protesto, palavras de ordem.

Foi neste clima que um time desorganizado sufocou-se nas próprias limitações, à começar por uma milaculosa defesa de Victor, com a ponta dos dedos, desviando a bola que encontraria as redes para o travessão. Com 20 minutos de jogo, o Grêmio tomava 2x0, e jogando pouco, muito pouco. Marcação frouxa, lentidão na transição para o ataque, e poucos chutes. O Grêmio estava morto, atirado num canto como se um pedaço de couro fosse.

Mesmo jogando pouco, o fio de esperança veio aos 40 minutos, com gol de André Lima. Sim, voltaríamos do intervalo perdendo somente por um gol de diferença. Sairíamos para o intervalo no lucro.

Findada a primeira etapa, o Grêmio tivera apenas dois bons momentos. O gol, e a chegada de Saimon em Ronaldo. Confira:


Começa o segundo tempo, e volta em campo outro time. Não era o Grêmio. Poderia até ser o Unidos de Itaperupava Futebol Clube, mas certamente não era o Grêmio. Onde estaria aquele time apático, dócil e inofensivo do primeiro tempo? Ficaria no vestiário, junto com a saída de Saimon, elétrico e amarelado. Voltaria à ser mais Grêmio com a entrada - para o desgosto da miguxada de plantão - de Adílson Warken. O esquema se mantinha com Gilberto Silva recuando para a zaga. Aquele time que cedia espaços já não existia mais. Agora, restava um time agressivo e compacto. Sim, ainda havia esperança.

Estaria ela concretizada num lance de Ronaldinho Gaúcho. Sim, dele, mas não foi ele. Foi André Lima, para novo desespero dos miguxos, que aplicou uma janelinha em Renato Abreu e bateu forte e no canto, de fora da área. Gol de placa, e na opinião deste blogueiro, o mais bonito da rodada. Explodiu a torcida, que nesta altura do jogo nem lembrava mais de Ronaldo, só queria festejar uma vitória.

Mas o ponto alto da partida foi reservado para os 35 minutos do segundo tempo, como se houvesse sido escrito por algum renomado romancista. Quando o Mocinho aproveita uma furada do Bandido, lança-se com ardor à batalha, e alheio à qualquer outra coisa, vence o duelo. Foi ainda mais emocionante, por tudo que cercava o lance. Thiago Neves, atropelado na meia ofensiva do Flamengo, perdeu a bola que sobrou, em vantagem, para Ronaldo, ficando caido ao chão. Ronaldo, contra três defensores, perde a bola, para a posse de Mário Fernandes, que liga o contra-ataque. Sob protestos de Ronaldo, pedindo Fair Play, Mário lança Douglas, que na beira da grande área corta o zagueiro e bate à gol. Era a virada, e no melhor estilo "copero y peleador": ignorando o Fair Play contra os Bandidos.

Antes disto, Escudero perdeu lance claro de gol em duas oportunidades, e seria substituído por Miralles, para o gozo coletivo dos adoradores de argentinos da Geral. Ponto positivo foi novo golaço, do argentino, em bola cortada para o meio, e batida com categoria no ângulo.

À partir daí, não havia mais jogo. Só euforia, alegria, alma lavada. Talvez não dos que, como eu, foram contra o retorno de Ronaldo desde o primeiro momento. Mas da grande massa, sempre da grande massa. Mas, também, de nós que fomos contra a volta dele. Porque, afinal de contas, futebol é paixão. O craque, que entrara em campo com um maiúsculo sorriso e uma tranqüilidade ímpar, sairia com aquele desdém típico de quem acusa o golpe: "Para quem é acostumado com a torcida do Flamengo, isso não é nem barulho", falaria, e depois ainda sacramentou: "Eles estavam mortos".

Veja os Melhores Momentos:

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