Com os últimos resultados do Grêmio, no Brasileirão e na Copa do Brasil, com as notícias que dão conta do encaminhamento de renovação entre clube e treinador, enviei a seguinte Carta Aberta à direção do clube e ao Conselho Deliberativo com a exposição de motivos pelo qual não devemos manter Portaluppi para 2014.
Escrevi em alguns minutos, gostaria de ter incrementado, porém devido ao tamanho já grande, deixei por aí.
"Novo Hamburgo, 10 de novembro de 2013.
Sr. Pres. do Conselho Deliberativo do Grêmio Foot-Ball Porto Alegrense Milton José Munhoz Camargo
Sr. Pres. do Conselho de Administração do Grêmio Foot-Ball Porto Alegrense Fábio André Koff.
Na
condição de sócio do Grêmio Foot-Ball Porto Alegrense, encaminhamos a
presente missiva para fazer as necessárias e pertinentes ponderações
quanto à renovação com o técnico Renato Portaluppi.
Ao que
consta na imprensa, tal renovação está próxima e deve ser acertada nas
próximas semanas. Dentre os gremistas sei que os que são contra tal
renovação são a minoria, quiçá até a absoluta minoria.
Porém vou expor alguns motivos que sustentam esta ideia.
Por
primeiro, gostaria de fazer uma avaliação sobre as escolhas táticas e
técnicas do Renato. Quando assumiu o time, teve um começo irregular,
errático. Até achar o esquema ideal diante das deficiências de montagem
do elenco. Só temos um zagueiro confiável (Rhodolfo) e portanto a
necessidade de fortalecer a defesa recaiu sobre nossos volantes. Daí o
uso sistemático dos três volantes. E como achou esse sistema? Com as
lesões do Zé Roberto, que nunca foi meia de ligação, que abusa dos
passes laterais, que é lento e efetivamente produz muito pouco, e do
Elano, que da mesma forma nunca foi esse meia de ligação, e que PARECE
estar com condição física abaixo da ideal, essa última observação
decorrente do fato de que em questão de 30min de jogo ele já não
consegue ter o mesmo rendimento física. Renato ACHOU essa formação, que
era acima de tudo uma solução de compromisso, pois com 4 estrangeiros
acabava ficando alijado nosso único meia de ofício, Maxi Rodriguez.
Renato não ENTENDEU porque o time se tornou mais competitivo, e justamente por este motivo
não conseguiu manter o desempenho diante de adversidades. Apostou
cegamente no "bumba meu boi", sem um meia e com dois atacantes pesados,
Barcos e Kleber.
Na semi-final da Copa do Brasil, não
tendo a barreira dos adversários em virtude da suspensão do ataque
titular, tendo a oportunidade de jogar com um meia, Maxi, substituiu o
Vargas, que na prática vinha fazendo as vezes de meia-atacante, por
Werley, mais um zagueiro, deixando os novatos, Mamute e Lucas,
absolutamente desamparados. A impressão que tive é que, não confiando
nos atacantes, ele optou resguardar-se para segurar um 0x0. No jogo da
volta, impelido por um nocivo ativismo panfletário da imprensa e da
torcida, que pediu a escalação do Zé Roberto, escalou o atleta contra as suas "convicções" para afagar o ego da imprensa e da torcida e como forma de auto-preservação, colocando seu cargo e sua imagem acima dos interesses do clube.
Mais
atrás, em 2011, na final do Camp. Gaúcho, tendo vencido fora de casa o
Internacional por 2x3, no jogo de volta, vitimado pela própria miopia,
sofremos nada menos do que TRÊS gols de contra-ataque, inclusive um
deles marcado por um jogador manco, TENDO a vantagem do "regulamento".
Na Libertadores de 2011, empatando um jogo em casa, 1x1, no jogo de ida
das Oitavas-de-Final, com um jogador à menos, novamente tomamos um gol
de contra-ataque que praticamente sepultou as chances no jogo fora de
casa, jogo da volta. De um modo geral, a atuação do Renato em 2011 foi
bastante fraca, frágil.
Vale lembrar também o
imobilismo, em vários jogos, do treinador quanto à substituições que
possam mudar a cara do jogo. Hoje, promoveu alterações somente após os
35min do 2º tempo. Antes que os jogadores pudessem entrar em campo o
Grêmio sofreu o segundo gol e limitou drásticamente as possibilidades de
reação.
Restam evidenciadas as limitações do Renato enquanto técnico/estrategista.
Por
segundo, quero tecer comentários quanto ao caráter megalômano da
personalidade do Renato. Ele tem se destacado por declarações polêmicas,
quase sempre após situações em que, por erro dele mesmo, o clube teve
algum insucesso.
- O famoso episódio da "calça de 400 reais";
- "Comigo ele rende", justificando a contratação do ex-jogador Carlos Alberto;
-
"Tem que dar carinho", para os jogadores preguiçosos e desmotivados,
caso do Gabriel, lateral que felizmente enviamos para o rival;
- "Não vou perdoar", cobrança pública sobre o imbróglio da contratação do Vinícius Pacheco, jogador de passagem apagada no clube;
- Torneio de Futevôlei em meio à Libertadores;
- Recusa de ir treinar o time no interior;
-
"Diziam que o time brigava contra o rebaixamento quando assumi", coisa
que nunca foi falado pela imprensa/torcida, e serve para supervalorizar
os resultados;
- "Agora tem algum valor", sobre a camisa do Grêmio que recebeu seu autógrafo;
- O episódio do trote;
- "Tenho mais títulos que ele tem de idade";
- "Fui melhor que Cristiano Ronaldo";
- "O Fluminense vai brincar no Brasileirão", quase foi rebaixado;
-
"Só não assinei o contrato ainda porque não quis", declaração sobre a
renovação dada na coletiva de imprensa hoje, dia 10 de novembro.
Mais uma vez resta evidenciado o pensamento megalômano do Renato, que se acha maior que o clube.
Quero
ainda fazer uma ponderação quanto à aposta em treinadores sem tanta
vitrine. O Grêmio tem uma experiência própria com o Espinosa, o Felipão,
o Tite e o Mano. Mas chamo a atenção para o caso do Cruzeiro, virtual
campeão Brasileiro de 2013. Contratou um treinador sem vitrine, sem
grife, e montou um time com muitos jogadores sem expressão e alguns
jogadores mais caros e experimentados, de forma cirúrgica e pontual. O
Grêmio não ganha nenhum título de expressão há 12 anos. Porém parece
que, entra ano sai ano, temos medo de arriscar com um treinador sem
expressão, com jogadores sem expressão. Não há mais o que temer.
Gostaria de colocar mais ideias, porém esta carta já ficou bastante extensa. Espero ter contribuído com um contra-ponto à ideia dominante de renovação e manifesto publicamente aos srs. meu pedido de que não seja renovado o contrato de técnico com o Renato Portaluppi.
Atenciosamente,
André Roberto Finken Heinle
Sócio Matrícula 141.645"
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