O Calendário do Futebol Brasileiro sempre foi mais um Frankenstein do que qualquer outra coisa. Como tal, foram consebidos alguns campeonatos grotescos.
O Brasileirão, que começou em 1971 (e não me venham com esses papos CBFísticos de que Taça Brasil e Robertão eram Campeonatos Brasileiros), com 20 clubes, veio numa crescente de participantes (inversamente proporcional ao público, rentabilidade e atratividade do torneio), com 26 clubes em 72, 40 em 73 e 74, 42 em 75, 54 em 76, 62 em 77, 74 em 78, 94 em 1979 (um dos ápices), retornando à 44 entre 1980 e 1983, 41 em 84, retornando à 44 em 85, OITENTA em 1986, culminando com a CBF declarando-se incapaz de organizar o Campeonato Brasileiro em 1987, Copa União, Taça das Bolinhas, e toda aquela coisa que já conhecemos. Uma dia ainda escrevo sobre isso.
Por conta de situações como a descrita acima, em 2003 foi aprovada e sancionada uma lei chamada "Estatuto do Torcedor", que força os organizadores de competições à ORGANIZÁ-LAS, por mais absurdo que isso possa soar. Nesse contexto, o Brasileirão foi reorganizado, reduzindo o número de participantes de 24 para 20, alterou a fórmula de disputa para Pontos Corridos, e reduziu o calendário disponível para os Torneios Estaduais.
Em 2012, a CBF liberou os Estaduais para o intervalo entre 22 de Janeiro e 13 de Maio, conforme o Lance! Com tudo isso, basta uma passada rápida no Google para vermos que muita gente quer o fim dos estaduais.
Escrevo por ser totalmente avesso ao fim dos estaduais, e sim à sua REFORMULAÇÃO. É fato que os Estaduais consomem MUITO do tempo dos grandes clubes, que preferem se dedicar à competições de maior gabarito, como Copa do Brasil e Libertadores. Mas os Estaduais têm uma função VALIOSA para o Futebol Brasileiro: oxigenar lá na ponta, na base. Sempre foi esse um dos motivos porque o Futebol Brasileiro teve sucesso: centenas de milhares de jogadores, nos quatro cantos do país, treinando para um dia poderem ser craques. Eu desafio: qual clube de ponta não têm três ou quatro jogadores titulares que começaram nestes clubes? Vamos matar a Galinha dos Ovos de Ouro?
Se é verdade que clubes do Interior e as Federações Estaduais sejam MUITO MAL administradas, OK, posso concordar. Precisamos mudar esta realidade. As Federações e Clubes do Interior precisam trabalhar em parceria para tornar os Estaduais atrativos, financeira e esportivamente, para oxigenar e reavivar as torcidas locais, cada vez mais sufocadas pelo gigantismo dos grandes clubes e pela própria incompetência dos clubes pequenos, e criarem uma alternativa de modelo para os estaduais.
Minha proposta é semelhante ao Campeonato Gaúcho de 2001, qual seja. Treze clubes foram organizados num grupo único, sem a Dupla Gre-Nal e sem a Dupla Ca-Ju, para enfrentarem-se em turno único, entre os dias 06 de Janeiro e 24 de Fevereiro, menos de um mês e meio, portanto. Destes, quatro classificaram para um Octogonal, daí contando com Grêmio, Inter, Caxias e Juventude, em dois turnos, cujos campeões decidiriam o torneio. Este octogonal aconteceu num prazo mais elástico, entre 03 de Março e 20 de Maio, dois meses e meio. A decisão entre os dois campeões de turno, Grêmio e Juventude aconteceria em 27 de Maio e 03 de Junho. Uma opção era alterar este Octogonal, para enxugar datas, mas nota-se os jogos dos grandes clubes reduziram-se bastante, e este modelo é um ponto de partida para discutir o tema.
Claro, deixo bem claro que, para o Grêmio, na condição de torcedor, minha posição é de relegar o torneio regional para um Time B/Reserva/Junior, pelos motivos à seguir: a) dar seqüência e oportunidade para jogadores reservas, juniores, novos contratados, e assim oxigenar o elenco; b) impedir que o torneio regional lesione jogadores do time principal; c) preservar a preferência de competições como Copa do Brasil e Libertadores.
Em adição, como falei, vale ressaltar que a necessidade de oxigenação do Futebol do Interior, em especial do Interior Gaúcho é PREMENTE, URGENTE, FUNDAMENTAL. Nota-se que o desempenho dos nossos clubes em competições nacionais é cada vez mais pífio, e clubes de enorme tradição estão morrendo definhando... Preciamos fazer algo urgente, e escreverei em breve sobre isso.
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Prezado André:
ResponderExcluirRespeito sua opinião, porém discordo dela.
Em meu ponto de vista, o melhor para o futebol brasileiro seria termos apenas duas competições nacionais:
a) Copa do Brasil - com times das quatro divisões de nosso futebol;
b) Campeonato Brasileiro - divido em quatro divisões.
Haveria tempo suficiente para nossas equipes se preparem para as competições, além de permitir maior planejamento para os jogos internacionais, tais como Copa Libertadores, Copa Sul-Americana e amistosos.
Os estaduais não fazem mais sentido hoje. Não são atrativos nem financeira, nem esportivamente. Veja as ridículas médias de público:
Pernambuco: 7.860
São Paulo: 5.327
Goiás: 4.561
Paraíba: 2.811
Ceará: 2.508
Minas Gerais: 2.471
Rio de Janeiro: 2.365
Rio Grande do Sul: 2.141
Bahia: 2.057
(http://www.vozdatorcida.com/2012/04/paraibano-2012-tem-a-quarta-melhor-media-de-publico-do-brasil/)
Apesar de não serem as médias de público ideais, os números da Copa do Brasil e do Campeonato Brasileiro são melhores. Veja:
Média de público
a) Copa do Brasil - 8.970
(http://www.bolanaarea.com/copa_do_brasil_2012.htm)
b) Campeonato Brasileiro - 12.970
(http://pt.wikipedia.org/wiki/Campeonato_Brasileiro_de_Futebol_de_2012_-_S%C3%A9rie_A#M.C3.A9dia_de_p.C3.BAblico)
Um fraternal abraço,
Fábio.
Fábio! Obrigado por comentar no blog.
ExcluirEmbora as baixas médias de público e baixa atratividade, os Estaduais têm sua importância história, e acima de tudo, importância para os clubes do Interior.
Acredito que possamos promover fórmulas e calendários que tornem o torneio atrativo e rentável, e que comportem também os anseios da Dupla.
Dedicarei um post à este tema em breve.
Obrigado,
Abraços.