A noite prometia um Show inesquecível. Eric Clapton é possuidor de uma das carreiras mais profícuas do Rock, do Blues e de toda a música em seu tempo.
Guitarrista virtuoso, oscilou entre um Rock pesado e distorcido, e as batidas maneiras Reggae e do Blues, zona onde mais têm andado ultimamente. Trabalhou ao lado de nomes imortalizados como B. B. King, mas também em bandas que marcaram seu tempo, como Cream, que ajudou à definir a estética do Hard Rock e do Heavy Metal. Também foi nome fundamental para a consagração mundial do Reggae, ao regravar o clássico "I shot the sheriff", de Bob Marley. Mas Clapton é mais conhecido, mesmo, pelo virtuosismo na Guitarra, donde recebeu, ainda precocemente, o apelido de "Deus da Guitarra", quando ainda na déc. de 60, diversas pixações em Londres diziam ao mundo: "Clapton is God".
Voltando ao Show, parti para Cachoeirinha para a casa do grande amigo Felipe Fonseca, de onde partiríamos para a Fiergs. A 116 e o trânsito dentro de Cachoeirinha não ajudaram muito, mas no final não foram desafios à altura do evento. O local, vale dizer, também não estava à altura do evento. O trânsito no local era tenso, mas dentro das possibilidades, a organização do show fez tudo com aparente esmero, de forma que saísse da melhor forma.
O Show de Abertura era com a banda gaúcha Cartolas, que agora pode expor no currículo a honra e glória de abrir um show do Clapton. Só conheço deles "Cara de Vilão", mas gostei da banda, sonoridade boa. O ponto "baixo" do show de abertura foi quando o Fonseca cantou a pedra. O vocal do Cartolas disse que homenagearia um artista brasileiro, e antes que pudesse falar quem, o Felipe disse "não sendo o Chico Buarque tá valendo". Acertou na mosca.
Findado o show do Cartolas, a tensão crescia pela entrada em palco do Clapton e seu staff. O setlist provável indicava a abertura com "Key to the highway". Mas foi deixada para a segunda posição em favor de "Going down slow", um blues mais lento e intimista, e dava o tom de um show bem maus blues do que rock. Já na segunda música, "Key to the highway", Clapton botou mais swing no show.
Foto: ClicRBS.
Homenageando os Deuses do Blues, foi a vez de "Hootchie Cootchie Man", de Muddy Waters, que ele já havia regravado no álbum "From the Cradle", de 1994, em tradução livre, "Do Berço", numa referência ao retorno às origens de um Blues "de raíz". Ótimo álbum. Foi nesta música o primeiro riff que fez a galera delirar. Na seqüência uma música que para este blogueiro foi um dos pontos altos da noite, com riffs de Guitarra, Piano e Orgão. A lenta e intimista "Old Love". Vídeo abaixo.
"Old love, leave me alone
Old love, just go on home"
Depois da animada "Tearing' us apart", foi a vez de "Driftin'" abrir o set acústico, seguida de "Nobody Knows When You’re Down And Out", que segundo o ClicRBS, havia tempos não entrava nos sets dos seus shows. Aí então foi a vez de uma música que fez o público cantar junto o refrão, com "Lay Down Sally".
A vez do novo álbum, "Clapton", chegou com "When somebody thinks you're wonderful", uma música que flerta com a música "broadway", com o evidente piano e sopro, sem deixar de ser um blues.
Aqui foi o momento "baixo" do Show. Quem esperava ansiosamente em ouvir os famosos e poderosos riffs de Layla, topou com uma versão slowhand. Mas ainda assim, é um som de muito respeito.
Retornava finalmente o set rock com clássicos que todos queriam ouvir. Primeiro "Badge", da época do Cream, seguida de "Wonderful Tonight", umas das melhores letras de Clapton, "Before you accuse me", blues de Bo Diddley imortalizado pelo Creedence Clearwater Revival, mais uma homenagem à um Deus do Blues, "Little Queen of Spades", de Robert Johnson, e aqui duas das mais esperadas. Cocaine, música que não poderia faltar num show de Clapton, em sua versão plugada mais famosa, e depois Crossroads, também plugada.
As faltas sentidas, fora a já comentada versão plugada de "Layla", foram "Tears in Heaven", "I shot the sherrif" - sendo que esta, em um determinado momento, parecia que seria tocada, com Clapton ensaiando umma levada reggae, "After Midnight", "Sunshine of your love", uma das mais clássicas do Rock mundial, e na opinião deste blogueiro, "Forever Man", uma das melhores do artista, porém menos conhecida.
Surpreendente foi a qualidade do som, que pelo local do evento eu esperava bem pior, mas foi audível e só em dois momentos o agudo apareceu.
Enfim, findado o show, e diga-se de passagem um belo show, era hora de ir embora, e aí veio novo desafio: sair da Fiergs. Com somente uma saída disponível, o leitor pode imaginar a dificuldade para chegar na rua. Ainda na saída, meio que de longe, consegui dar um grito pros grandes amigos Hermes e Igor, e na rua Vinícius Billy e Eduardo Herrmann.
E, já na rua, encontrei outro grande amigo e sua digníssima, Dyeison "500 pila num camarote e não tenho saldo no celular" Martins.
OK, era hora de ir pra casa. Minhas costas e meus pés já não aguentavam mais. O show prometia ser inesquecível, e cumpriu sua promessa.
Valeu Clapton!
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