No dia 10 de Setembro de 1836, os Farroupilhas e Imperiais travaram a Batalha de Seival, redundando em vitória farrapa. No dia seguinte, Bento Golnçalves proclamava a República Rio-Grandense, que por longos dez anos combateu forças superiores em número, mas não superiores em alma e denôdo, e sem permitir que os derrotassem. Minha humilde homenagem aos que nos precederam e que fizeram deste estado o que ele é hoje, e meu recado às gerações futuras: cultivem e conservem os sentimentos que impeliram os Farroupilhas contra as injustiças e a tirania. Copio abaixo texto de Olavo Bilac.
Esse nome, criado pelo desprezo, foi notabilizado pela glória; a inevitável glória da justiça do Tempo transformou o epíteto injurioso em título de suprema honra. Eram desgraçados, sim, eram pobres, eram maltrapilhos, aqueles guerreiros que para não morrer de fome, contentavam-se com um bocado de carne crua; acampavam e dormiam ao relento, com a face voltada para as estrelas; não tinham dinheiro, nem uniforme e não podiam renovar as botas e os ponchos que o pó das estradas, as balas, as cutiladas, as chuvas estraçalhavam e apodreciam; - mas prezavam seu nome de "Farrapos" e tinham orgulho da sua pobreza; - e eram mais ricos assim, possuindo apenas o seu cavalo, a sua garrucha, a sua lança e a sua bravura. Cenobitas da religião cívica, anacoretas da guerra, vivendo no imenso e fúlgido ascetério do "pampa", esses primeiros criadores da nossa liberdade política não olhavam para si: olhavam para a estepe infinita que os cercava, para o infinito céu que os cobria, - e nesses dois infinitos viam dilatar-se, irradiar e vencer no ar livre o seu grande ideal de justiça e fraternidade.
Nenhum comentário:
Postar um comentário